Numa série de meia dúzia de episódios, cada um deles com 1 hora de duração, que será exibida pela RTP, o comediante Fábio Porchat, conhecido por fazer parte do grupo Porta dos Fundos, calçou os sapatos de Saramago e está a revisitar os lugares descritos no livro \”Viagem a Portugal\”., cuja primeira edição foi publicada há 40 anos.
Com estreia planeada para o próximo ano, a produção assinada pela Zerkalo Pictures será um dos destaques das comemorações do centenário do nascimento do vencedor do Nobel de literatura, celebrado a 16 de novembro de 2022.
O realizador da série, Ivan Dias, conta que a escolha de um brasileiro como protagonista ajuda a trazer mais frescor e novos olhares ao que se passa em Portugal, uma vez que permite captar nuances que, às vezes, impercetíveis para quem vive no país.
\”O próprio Saramago, quando começou a sua viagem, teve de ir primeiro a Espanha. Ele ficou alguns dias por lá, porque ele tinha de ter a sensação de quem vinha de fora.\” — Ivan Dias
Apesar do fascínio pelo trabalho de Saramago, que é anterior ao surgimento deste projeto, Porchat diz que só foi ler e conhecer \”Viagem a Portugal\” após receber o convite para a série.
“É uma viagem impressionante e estou muito encantado e honrado pelo convite. Eu tenho uma ligação muito forte com Portugal, mas também com José Saramago. Não conhecia o livro “Viagem a Portugal”, li-o quando fui convidado para fazer este programa e agora está a ser interessante relê-lo quando faço esta viagem. Espero que os portugueses tenham essa vontade de conhecer o país, que tem um roteiro de alto conhecimento dos locais e do seu povo. O José Saramago teve um olhar e carinho pelo povo português que eu agora também partilho. É uma viagem pelos detalhes de uma terra e é no detalhe que a gente consegue fazer as maiores transformações e observações da vida e é o que o livro está a fazer comigo.” — Fábio Porchat
Num tom que mescla crónica, narrativa e recomendações, a obra é resultado da jornada feita pelo autor de Norte a Sul do país entre outubro de 1979 e julho de 1980.
\”Conhecer um país é aprender, de modo tanto quanto possível exato, a sua paisagem, a sua cultura, o povo que o habita. Quase sempre, porém, o interesse do viajante é atraído senão suscitado, pelos caminhos habituais e pelas imagens conhecidas, com exclusão, portanto, daqueles fatores de aventura e imprevisto que são, afinal, o verdadeiro sabor da viagem (…) Olhar o seu país como se o estivesse vendo pela primeira vez, sem aquela espécie de neblina que a familiaridade lança sobre a face das pessoas e das coisas. (…) Em Viagem a Portugal abundam as revelações surpreendentes de um país que julgávamos banalizado. Somos levados a conhecer o autêntico rosto de uma terra inesgotável, por caminhos humanos e naturais cuja beleza e força é nosso primeiro dever guardar.\” — José Saramago
Além de se impressionar com o que viu em Portugal, o comediante também ficou surpreendido com o reconhecimento do público lusitano, mesmo nas cidades menores.
Adicionalmente, Fábio afirma que o processo de refazer os passos de Saramago, inclusive quando se encontra com pessoas que estiveram com o autor durante o percurso, tem sido muito marcante. Ainda de acordo com as informações divulgadas pelo humorista, o trajeto realizado a fim de efetuar as gravações para os episódios, de carro, já superou os 2600 quilómetros.
\”Visitamos lugares onde ele esteve, conversamos com pessoas com quem ele falou. Em Tentúgal, comi os pastéis que ele comeu, servidos pela mesma pessoa que o serviu, feitos pelas mesmas mãos que fizeram os dele.\” — Fábio Porchat
Viúva de Saramago e à frente da fundação que leva o nome do escritor, a espanhola Pilar del Río, de 71 anos, detalha uma programação intensa para o centenário de nascimento do autor que, no ano de 1998, se tornou o primeiro (e até agora único) escritor lusófono a vencer o Nobel de Literatura.
\”Vai haver uma série de acontecimentos culturais, múltiplos e transversais. Vai haver teatro, música, leitura, congressos académicos, apresentações de livros e novas edições dos livros de Saramago. Mas nós, no fundo, temos um objetivo: que Saramago seja um motor que provoque atividades culturais.\” — Pilar del Rio
Em Portugal, a novíssima edição desta obra de Saramago, reeditada pela Porto Editora, conta com quase 700 páginas, capa dura e fotos inéditas feitas pelo próprio escritor.
Foto: Fábio Porchat por Ju Coutinho
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Sobre o autor:
Nasceu, a 16 de Novembro de 1922, na aldeia de Azinhaga. Devido a dificuldades económicas, José Saramago foi obrigado a interromper os estudos secundários, tendo, a partir desse momento, exercido diversas atividades profissionais: serralheiro mecânico, desenhista, funcionário público, editor, jornalista, entre outras. O seu primeiro livro foi publicado em 1947. No entanto, só em 1976, é que passou a viver, exclusivamente, da literatura, primeiramente, como tradutor, depois, como autor. Romancista, dramaturgo, cronista e poeta, em 1998, tornou-se o primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prémio Nobel de Literatura.
Sugestão de Leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“Viagem a Portugal”, de José Saramago (Porto Editora, Wook):
https://www.wook.pt/livro/viagem-a-portugal-jose-saramago/25113306
Leitores residentes no Brasil:
“Viagem a Portugal”, de José Saramago (Companhia das Letras, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/viagem-a-portugal-4-ed-2021/artigo/de888bb3-6f65-4504-a5f5-60b7e4057da3
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