Na estreia deste novo formato, o Sonhando Entre Linhas entrevista Raquel Pereira, uma jovem blogger portuguesa que, aos 25 anos, recorda o seu trajecto, enquanto leitora e amante dos livros. Fã de J. K. Rowling, como muitos dos jovens desta geração, tornou-se uma leitora exigente, atenta aos detalhes, mas, também, com um gosto diversificado, o que faz com que leia desde fantasia até aos clássicos. Aproveitem para conhecer melhor, a criadora do blog Delirious Beautiful Mind.
Sendo, tu, uma jovem formada na área da Saúde, de onde veio esse teu interesse pela leitura?
O meu interesse pela leitura surgiu muito antes do meu interesse por qualquer área da saúde. Fui incentivada a ler sobretudo pela minha professora primária. Tínhamos horas de leitura todos os dias na sala-de-aula e cabia sempre a um de nós ler uma página. Sempre que o fazia ela dava-me “Excelente”. Era a única que tinha essa nota. Foi também quando o meu lado competitivo veio ao de cima e comecei a treinar em casa e, gradualmente, apaixonei-me pelos mundos imaginários.
Na tua família, tens alguém que goste de ler?
Infelizmente, não. É estranho, mas vejo que é algo comum entre os viciados da leitura.
Qual foi o papel dessa pessoa na construção da tua vida de leitora?
Contrariando a resposta acima, a minha mãe lê e de certo modo gosta, mas é mais algo que faz para passar o tempo do que propriamente para absorver a história em si. De qualquer das formas, a minha mãe teve um impacto brutal na minha vida enquanto leitora, sobretudo porque sempre me comprou os livros que eu pedia, independentemente da minha idade. Lembro-me de ficar chocada quando percebia que havia raparigas que não podiam ler determinado livro porque os pais não deixavam. E depois ali estava eu, a ler tudo o que me apetecesse. Posso dizer que com dez anos lia desde Nicholas Sparks a clássicos como O Monte dos Vendavais ou Perfume e, embora não percebesse metade, gostava de imaginar.
Lembraste de qual foi o primeiro livro que leste, na íntegra?
O primeiro livro que li, na íntegra, foi Uma Viagem ao Tempo dos Castelos.
Quando é que percebeste que este gosto pela leitura era algo sério?
Quando eram as únicas prendas que pedia nos anos e no Natal.
Tens algum género literário, algum(a) autor(a) favorito(a)?
O meu género literário favorito é, sem dúvida, a fantasia, embora tenha por hábito dizer que o que eu gosto mesmo é de livros. Desde pequena que refiro a minha autora preferida como sendo J.K.Rowling mas digo-o por ser uma autora que marcou imenso a minha infância/ adolescência com a série Harry Potter, que são os livros que levo para a cova. Mas se tivesse de referir a minha autora preferida agora, como sendo aquela que consegue despontar em mim a maior mixórdia de emoções seria, sem dúvida, Cassandra Clare.
Quando estás a ler um livro, qual é a característica que faz com que não largues a história?
O protagonista. O protagonista, para mim, é a chave. Podem colocar-me o mundo que quiserem: contemporâneo, fantasia, ficção científica, terror. Se o protagonista conseguir liderar a história, o resto – a meu ver – vem por acréscimo. Se o protagonista for submisso, influenciável perante terceiros e de personalidade fraca, o meu interesse desce consideravelmente.
Na tua experiência de leitura, já houve algum autor que não conhecias e te arrebatou completamente?
Cassandra Clare. Comecei a ler A Cidade dos Ossos, na altura em que saiu o filme. Se for mais recentemente, Jennifer L. Armentrout, sem dúvida.
Em que parte dia é que mais lês?
Sempre que tenho tempo. Nas pausas do trabalho, quando chego a casa, antes de ir trabalhar ou nas folgas.
Como marcas as citações que te marcam num livro? Com post-its. sublinhas a lápis, anotas num caderno?
Nunca o fiz, excepto para Mil Vezes Adeus de John Green. Normalmente uso a minha memória.
Como surgiu a escrita na tua vida?
A escrita surgiu ao mesmo tempo que a leitura. Queria provocar nos outros as mesmas emoções que outros provocaram em mim.
Foi algo espontâneo ou é algo que vês como uma necessidade?
Ambas as coisas.
Como foi, para ti, tomar a decisão de criar um blog?
Muito natural. Sempre fui muito activa na blogosfera. Já tive outros blogs que não foram boas ideias e outros que foram para o estado em que estava na minha vida. Claro que o Delirious Beautiful Mind é aquele onde investi mais de mim.
Na altura que estiveste na faculdade, como organizaste o tempo para estudar, ler e escrever?
Há sempre tempo para tudo. A faculdade nunca foi “demasiado” para mim e sempre levei as coisas com calma. Não via motivos para deixar de fazer o que gostava ou para ficar doente com os nervos ou com a pressão.
Nunca pensaste em seguir a área de Letras, na Faculdade?
Infelizmente, pensei, mas sabia que nunca a iria seguir. A empregabilidade do meu curso é de 100% e sabia que teria mais – muito mais – facilidade se ingressasse na área da saúde – nomeadamente para o curso que fui – do que se fosse para letras.
Houve algum momento em que tiveste de renunciar, temporariamente, a algumas destas coisas, devido à falta de tempo?
Não.
Para ti, qual é a característica essencial que alguém que queira ser blogger deve ter?
A persistência.
Na tua opinião, o que é mais difícil para quem quer iniciar este caminho?
Lidar com a ausência de resposta por parte dos leitores – o que é comum, principalmente, no início.
No teu blog, ofereces serviços de revisão textual para potenciais autores, como surgiu esta ideia?
É algo que gosto muito de fazer. Já o fiz antes e foi uma experiência enriquecedora. Pareceu-me a coisa certa a fazer. Queria dar um novo rumo ao blog e publicar apenas opiniões já não me chegava, pelo que decidir mudar, criando também tópicos de discussão, passatempos entre outros.
Qual é a tua opinião em relação às parcerias com autores e/ou editoras?
São óptimas quando acontecessem, ajudam imenso mas, não são essenciais.
Podes revelar algum dos teus planos para o futuro do blog?
Não há grandes segredos. Quero estar mais em contacto com autores de língua portuguesa e ajudá-los, se puder
Caso tenham alguma sugestão para um(a) blogger/blogueiro(a) que gostariam que fosse entrevistado por nós, deixem os nomes, abaixo, nos comentários.
Boas leituras!