Em busca de potencialização, a Livraria Lello pode vir a ter um elevador e miradouro

Inaugurada há 118 anos, a Livraria Lello, no Porto, é um dos pontos mais emblemáticos da cidade invicta. A fachada neogótica e a sua escadaria vermelha, acompanhada pelo reconhecido vitral, são alguns dos elementos que lhe valeram recentemente o título de Livraria Mais Bonita do Mundo,

Quer seja pela arquitetura, pelas coleções de livros de todos os cantos do mundo ou por ter inspirado uma das sagas mais reconhecidas a nível mundial, “Harry Potter,” não há dúvida que uma livraria como esta não se encontra em qualquer lugar do mundo — e a verdade é que não se cansa de inovar.

Agora, os donos do edifício centenário querem instalar, no edifício vizinho, um elevador com superfícies envidraçadas e um miradouro no topo, com 21 metros de altura, ou seja, mais 10 do que a livraria, como foi revelado pelo jornal Público, sendo que o objetivo é potenciar ainda mais o espaço. 

Estas duas novidades fazem parte das propostas do projeto do arquiteto Álvaro Siza Vieira, que inclui ainda a demolição parcial do edifício da Rua das Carmelitas (à esquerda da livraria). Além disso, está prevista a reconstrução e alterações do edifício, desde a compartimentação interna às fachadas e cobertura, bem como a sua ampliação.

O projeto já foi enviado à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) para avaliação e, apesar de ter tido um parecer desfavorável, o processo vai continuar.

“O miradouro proposto é uma estrutura muito impactante e dissonante que iria perturbar o perfil edificado existente, tendo em conta a dimensão e os materiais propostos”, lê-se no parecer da CCDRN. A estrutura metálica das escadas e do varandim serão assim “um corpo estranho numa massa edificada de expressão volumétrica homogénea.

No entanto, de acordo a Câmara Municipal do Porto, tanto o elevador como o miradouro seriam instalados nas traseiras do edifício, mesmo ao lado da Lello. Desse modo, o elevador também serviria a livraria.

Quanto à proposta de alteração da cobertura do prédio que foi construído para albergar os Armazéns do Anjo, a CCDRN considera-a “muito intrusiva” e com um “impacto desfavorável”. O objetivo seria modificar o telhado, transformando parte dele num terraço onde se pretende instalar equipamentos do sistema de ar condicionado, ventilação e aquecimento.

A maior relutância em aceitar este projeto deve-se ao facto de a livraria estar num quarteirão que integra a zona especial de proteção do Centro Histórico do Porto, classificado como Património Mundial pela UNESCO.

Em declarações ao jornal Público, a CCDRN diz que está apenas a tentar “salvaguardar o risco de instituição de um precedente, por parte da administração, sobre pretensões análogas, numa tipologia de intervenção que só poderá ser considerada com um carácter singular”. A entidade adianta ainda que o promotor pode voltar a apresentar uma reformulação do projeto, com novos elementos ou esclarecimentos para reapreciação.

Foto: Livraria Lello/Divulgação

Boas leituras!

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