Neste ano de 2018, completam-se 130 anos após a publicação original d’Os Maias: Episódios da Vida Romântica, uma obra que encerra, em si mesma, um fiel retrato de toda a sociedade portuguesa do século XIX, onde ninguém escapou à requintada ironia do seu autor, o incomparável Eça de Queirós. Tendo em conta, certamente, essa respeitável marca temporal, ocorreu na Biblioteca da Imprensa Nacional, em Lisboa, a apresentação de uma edição crítica da obra que, muitos consideram ser a obra-prima do Realismo português.
Inserida na colecção “Obras Completas de Eça de Queirós”, esta edição crítica do romance, primeiramente, publicado em 1888, é da responsabilidade da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S. A.. É o produto final de um trabalho desenvolvido por dois investigadores de Literatura Portuguesa:
– Carlos Reis, um reconhecido especialista da obra queirosiana que, actualmente, leciona na Universidade de Coimbra, a instituição de ensino superior mais antiga de Portugal, fundada pelo rei D. Dinis, a 1 de Março de 1290. ou seja, há 727 anos atrás;
– Maria do Rosário Cunha, professora na Universidade Aberta e autora da obra “A Inscrição do Livro e da Literatura na Ficção de Eça de Queirós”, publicada pelas Edições Almedina, em 2004;
Para os amantes do legado queirosiano, esta edição contém uma nota prévia, uma introdução histórico-literária, dividida em 6 partes, onde, provavelmente, existe um contexto dirigido ao leitor, que o enquadra dentro dos acontecimentos históricos e literários da época em que a obra foi escrita. Ao todo, são 42 páginas que vão ajudá-lo a conhecer melhor o que aconteceu no nosso século XIX.
Depois destes textos introdutórios, portadores de uma riqueza imensa, segue-se, então, o romance propriamente dito, com os seus 18 capítulos, todos eles, com notas explicativas.
A fechar este volume, foram, ainda, incluídos, um apêndice documental e notas bibliográficas.
Num press release enviado ao Notícias ao Minuto, o investigador Carlos Reis enaltece a grandeza da obra de Eça:
“Este romance é o ponto mais alto da criação literária queirosiana e de toda a ficção portuguesa.”
Por último, Reis realça, também que muita da polémica que está associada a esta narrativa, advém “das azedas reações provocadas por certas personagens, que alegadamente caricaturavam, com a agudeza do traço estilístico queirosiano, figuras respeitáveis da vida pública portuguesa”. Acaba por dizer, mesmo, que “muito daquilo que Eça tinha para dizer aos seus contemporâneos e à posteridade.”
Boas leituras!