“Deus, o que quer de nós?” encerra a tetralogia distópica que Ignácio de Loyola Brandão iniciou com “Zero”em 1975

Aos 86 anos, o escritor Ignácio de Loyola Brandão lançou o romance distópico “Deus, o que quer de nós?”, pela Global, fechando, desta forma, a tetralogia iniciada em 1975 com a chegada às livrarias do romance “Zero”, que ainda hoje é visto como a sua narrativa de maior expressão, ao qual se seguiram “Não verás país nenhum”, editado originalmente em 1981 e, mais de três décadas depois, “Desta terra nada vai sobrar”, editado em 2018.

O protagonista Evaristo começa a sua jornada enterrando a sua mulher, Neluce. A pandemia, chamada de Funesta ou Infame, já dura há anos e ele já não tem consciência do que é realidade, sentido e expectativa. Os seus sentimentos misturam-se e confundem-se, e o governo, liderado por uma figura que é referenciada como Desatinado ou Destemperado, causa desamparo, confusão e morte.

Mestre em criar realidades distópicas, os capítulos de “Deus, o que quer de nós?” são curtos e a linguagem do livro abusa do uso de ironia para descrever situações absurdas.

À medida que Evaristo relembra a sua vida ao lado da mulher, isolado no seu apartamento, ele tem crises de ansiedade, depressão, ternura e felicidade.

Esses sentimentos contraditórios servem não apenas para pontuar as consequências do isolamento e de um governo irresponsável, mas também para mostrar a história de amor dos dois protagonistas, fazendo com que o livro seja, principalmente, sobre humanidade, em todos os sentidos da palavra.

Foto: Ignácio de Loyola Brandão por Letícia Gullo

Sobre o autor:
Nascido em Araraquara, no estado de São Paulo, a 31 de julho de 1936, Ignácio de Loyola Brandão, jornalista, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, publicou dezenas de livros, entre romances, contos, crónicas e viagens, além de ter participado de várias antologias. Filho de um ferroviário, tornou-se crítico de cinema aos 16 anos, quando soube que os críticos não pagavam para ir ao cinema. Assim enveredou pelo jornalismo. Em 1957, mudou-se para São Paulo e foi trabalhar no jornal Última Hora como repórter. Estreou com um livro de contos sobre a noite paulistana, “Depois do Sol”. O seu primeiro romance, “Bebel que a Cidade Comeu” foi publicado em 1968. Em 1974, o romance “Zero”, a sua obra mais conhecida, foi editado em Itália. Editado no Brasil no ano seguinte, o livro foi proibido em 1976 pelo Ministério da Justiça do governo Geisel. A obra só voltou a ser vendida a partir do ano de 1979. Em 1993, iniciou uma colaboração semanal no jornal O Estado de S. Paulo. Em 1996, submeteu-se a uma cirurgia para a retirada de um aneurisma cerebral e registou a experiência no livro “Veia Bailarina”, em 1997. Tendo como cenário a ditadura militar e o exílio, a sua obra romanesca faz uma crítica amarga da sociedade brasileira, mas também fala de amor e solidão. Em julho de 2001, por ocasião do seu aniversário, foi homenageado pelo Instituto Moreira Salles, com a publicação da sua vida e obra no volume 11 da série “Cadernos de Literatura Brasileira”. Em 2008, o romance “O Menino que Vendia Palavras” ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de ficção do ano. Nas suas crónicas, as referências à infância em Araraquara, aos colegas de geração e ao quotidiano da cidade de São Paulo são frequentes.

Sugestões de Leitura:

Leitores residentes em Portugal:
“Deus, o que quer de nós?”, de Ignácio de Loyola Brandão (eBook, Global Editora, Wook):
https://www.wook.pt/ebook/deus-o-que-quer-de-nos-ignacio-de-loyola-brandao/27255872
“Desta terra nada vai sobrar a não ser o vento que sopra sobre ela”, de Ignácio de Loyola Brandão (Teodolito, Wook):
https://www.wook.pt/livro/desta-terra-nada-vai-sobrar-a-nao-ser-o-vento-que-sopra-sobre-ela-ignacio-de-loyola-brandao/22870305
“Não verás país nenhum”, de Ignácio de Loyola Brandão (Ulisseia, Wook):
https://www.wook.pt/livro/nao-veras-pais-nenhum-ignacio-de-loyola-brandao/10892571
“Zero”, de Ignácio de Loyola Brandão (eBook, Global Editora, Wook):
https://www.wook.pt/ebook/zero-ignacio-de-loyola-brandao/24357169

Leitores residentes no Brasil:
“Deus, o que quer de nós?”, de Ignácio de Loyola Brandão (Global Editora, Amazon Brasil):
https://www.amazon.com.br/Deus-que-quer-Ign%C3%A1cio-Loyola/dp/6556123196
“Desta terra nada vai sobrar a não ser o vento que sopra sobre ela”, de Ignácio de Loyola Brandão (Global Editora, Amazon Brasil):
https://www.amazon.com.br/Desta-Terra-Sobrar-Vento-Sopra/dp/8526024361
“Não verás país nenhum”, de Ignácio de Loyola Brandão (Global Editora, Amazon Brasil):
https://www.amazon.com.br/ver%C3%A1s-nenhum-Ign%C3%A1cio-Loyola-Brand%C3%A3o/dp/B07YFVFYD4
“Zero”, de Ignácio de Loyola Brandão (Global Editora, Amazon Brasil):
https://www.amazon.com.br/Zero-Ign%C3%A1cio-Loyola-Brand%C3%A3o/dp/8526024906

Boas leituras!