Com \”Ensaio sobre a Cegueira\”, uma das narrativas mais famosas e aclamadas de José Saramago, editada originalmente, em 1995, ainda antes da atribuição do Nobel de Literatura, o que aconteceria, 3 anos depois, em Estocolmo, Ana Ribeiro dá início a um grande desafio literário: Ler todas as obras publicadas pelo magistral autor português. Assim sendo, o objetivo é escolher 1 das suas obras, mensalmente, ler e trazer as nossas impressões, sendo que a próxima obra a ser lida será \”A Noite\”, o primeiro texto dramaturgico de Saramgo, que foi escrito e encenado, pela primeira vez, em 1979. A leitura e opinião serão da responsabilidade de Luís Moura.
Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem.\” — José Saramago
Quando o primeiro cego surge no consultório do médico, ambos, estão longe de imaginar as proporções que a situação vai tomar. O governo, ao constatar que pode estar na presença de uma doença contagiosa, decide isolar todos os cegos num manicómio abandonado. Por coincidência, todas as pessoas, que estiveram no consultório do médico, vão parar à mesma camarata. Estas personagens não têm nome. São chamadas pela sua profissão ou por determinada caraterística como, por exemplo, o médico, a rapariga dos óculos escuros.
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À medida que o \”mal branco\” se alastra, as estruturas sociais desmoronam – se é o ser humano, incapaz de viver como homem, passa a viver quase como animal, numa espécie de selva imunda. Todos cegam, menos a mulher do médico que assiste à feira de horrores em que o mundo se torna.
Ao longo do livro, parei, muitas vezes, para refletir e questionar-me sobre muita coisa. O que faria eu nesta situação? E se isto acontecesse mesmo? Se toda a gente começasse a cegar? O que aconteceria ao mundo tal como o conhecemos? O ser humano é bom e civilizado ou é só uma questão de sermos obrigados a lutar pela sobrevivência para revelarmos a nossa verdadeira essência?
Segundo José Saramago, este livro pretende demonstrar que o ser humano é mau e que temos que ter coragem de o assumir. Assumir o que somos, como diria a rapariga dos óculos escuros:
\”Dentro de nós, há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos\”. — José Saramago
Se acham que dei spoiler, desenganem – se, pois estão muito longe de saber tudo que vai acontecer neste livro. Leiam e vão descobrir que a informação que dei não é nada perto daquilo que vai acontecer a estas pessoas. Sem dúvida que esta leitura levanta questões muito pertinentes e aconselho este livro a toda a gente.
Este romance foi adaptado para o cinema, em 2008, sob o título de \”Blindness\” pelo cineasta brasileiro Fernando Meirelles.
Foto: José Saramago por José Frade
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Sobre o autor:
José Saramago nasceu. a 16 de Novembro de 1922. na aldeia de Azinhaga. Devido a dificuldades econômicas foi obrigado a interromper os estudos secundários, tendo, a partir desse momento, exercido diversas atividades profissionais: serralheiro mecânico, desenhista, funcionário público, editor, jornalista, entre outras. O seu primeiro livro foi publicado em 1947. no entanto, só em 1976, é que passou a viver, exclusivamente, da literatura, primeiramente, como tradutor, depois, como autor. Romancista, dramaturgo, cronista e poeta, em 1998, tornou-se o primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura.
Sugestões de Leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“Ensaio sobre a Cegueira”, de José Saramago (Porto Editora, Wook):
https://www.wook.pt/livro/ensaio-sobre-a-cegueira-jose-saramago/15825486
Leitores residentes no Brasil:
“Ensaio sobre a Cegueira”, de José Saramago (Companhia das Letras, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/ensaio-sobre-a-cegueira/artigo/5d357d2b-662d-4bbd-9c3a-67cd34da0c98
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Boas leituras!