Clarice Lispector e “A paixão Segundo G.H.” em debate na 3ª sessão do Encontro de Leituras

A terceira edição do \”Encontro de Leituras\”, o clube do livro do Público, em parceria com a Folha de São Paulo, vai debater, no próximo dia 9 de Fevereiro, o romance \”A Paixão Segundo G.H.\”, um dos livros fundamentais da escritora brasileira Clarice Lispector.

“A aterradora magnificência de \’A Paixão segundo G. H.\’ colocou o romance entre os mais importantes do século. Pouco antes da sua morte, na sua última visita ao Recife, Clarice disse a um repórter que, de todos os seus livros, era esse que ‘correspondia melhor à sua exigência como escritora’. A obra inspirou uma gigantesca bibliografia, mas, na época em que foi publicada, parece ter sido quase ignorada.”

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Fonte: Relógio D\’Água Editores

Editado em Portugal pela Relógio D\’Água, o curto romance \”A Paixão Segundo G.H.\” foi originalmente publicado no Brasil, no ano de 1964, pela editora Rocco, e faz parte dos livros escolhidos pelo Plano Nacional de Leitura.

É a obra de Clarice Lispector de que Nádia Battella Gotlib mais gosta, e a investigadora considera particularmente interessante o modo como a escritora estruturou este livro, que nos conta a história de G.H., uma escultora, rica, que está sozinha no seu apartamento e decide ir arrumar o quarto da empregada que despedira.

É a partir daqui que G.H. questiona toda a sua vida, e essa desconstrução é realizada no livro, através de etapas. É nesse cenário do quarto da serviçal “que todas as descobertas acontecem”, que “o invisível passa a ter visibilidade” e a empregada negra, até então invisível para a sua patroa, adquire uma existência.

Para a convidada do próximo \”Encontro de Leituras\”, a especialista Nádia Battella Gotlib, é um dos grandes romances de Clarice Lispector, não só pela sua densidade, mas também pela riqueza de imagens que a autora vai criando ao longo desse mergulho na descoberta de si própria.

Relembro que o centenário foi comemorado durante todo o ano de 2020, com a Rocco a reeditar, no Brasil, grande parte dos contos e romances desta incomparável escritora, com um novo projeto gráfico, ilustrado com quadros pintados pela própria Clarice, ao longo da sua carreira e diversos textos de fortuna crítica.

A sessão ocorre pela plataforma Zoom e está marcada para as 22h em Lisboa (19h em Brasília, 23h em Luanda). O ID da reunião é 928 5143 8520 e a senha de acesso 185721. Aqui fica o link de acesso.

O clube que junta leitores de língua portuguesa acontece, uma vez por mês, via Zoom e discute romances, ensaios, memórias e obras de jornalismo literário, na presença de um escritor, editor ou especialista convidado. É moderado pelas jornalistas Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e por Úrsula Passos, editora-assistente de Cultura do jornal paulista e coordenadora do Clube de Leitura Folha, que existe desde 2017 e só discute obras de ficção.

Foto: Clarice Lispector; Fonte: Editora Rocco/Divulgação

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https://www.wook.pt/?a_aid=595f789373c37

Sobre a autora:
Nasceu na Ucrânia, a 10 de dezembro de 1920, sendo filha de judeus, numa altura que o país estava em vias de integração na URSS, a antiga União Soviética. A família foi vítima dos pogroms, particularmente intensos a partir de dezembro de 1918. Foi para fugir à devastação da guerra civil que acabaram por emigrar para o Brasil, em 1922, fixando-se primeiro em Maceió e, depois, em Recife. Mais tarde, já em 1937, mudou-se, para o Rio de Janeiro, onde se licenciou em Direito. Ainda um ano antes da sua estreia na escrita, Clarice Lispector começou a colaborar na imprensa em 1942 e, ao longo de toda a vida, nunca se desvinculou totalmente do jornalismo. Trabalhou na Agência Nacional e nos jornais “A Noite” e “Diário da Noite”. Foi colunista do “Correio da Manhã” e realizou diversas entrevistas para a revista “Manchete”. A autora também foi cronista do “Jornal do Brasil”. Escritos entre 1967 e 1973, esses textos estão reunidos no volume “A Descoberta do Mundo”. No ano seguinte, ainda muito jovem, editou o romance “Perto do Coração Selvagem” (1943), que conseguiu, desde logo, um caloroso acolhimento por parte da crítica, o que fez com que recebesse o Prêmio Graça Aranha. Entre as suas obras mais importantes estão as reuniões de contos “A Legião Estrangeira” (1964) e “Laços de Família” (1972) e os romances “A Paixão Segundo G.H.” (1964) e “A Hora da Estrela” (1977). Faleceu em 1977, naquela que considerava ser a sua cidade, o Rio de Janeiro, vítima de um cancro nos ovários, detetado tarde demais.

Sugestão de Leitura:

Leitores residentes em Portugal:
“\”A Paixão Segundo G.H.\””, de Clarice Lispector (Relógio D\’Água, Wook):
https://www.wook.pt/livro/a-paixao-segundo-g-h-clarice-lispector/81357

Leitores residentes no Brasil:
“\”A Paixão Segundo G.H.\””, de Clarice Lispector (Edição Comemorativa do Centenário, Editora Rocco, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/a-paixao-segundo-g-h-1-ed-2020/artigo/13ae5a5e-8fa5-4a74-9476-48bf9ece2ddf

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Boas leituras!

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