No Reino Unido, através de uma carta aberta, solicita-se a colocação do nome dos tradutores nas capas das obras literárias

Para aproveitar a comemoração do Dia Internacional da Tradução, que se assinalou a 30 de setembro, a tradutora norte-americana Jennifer Croft, conhecida pela tradução do polaco para o inglês do livro “Viagens”, de Olga Tokarczuk, que lhe valeu o Prémio Booker Internacional, redigiu e divulgou uma carta aberta no site da Sociedade dos Autores do Reino Unido, a fim de solicitar que o nome dos tradutores passe a constar nas capas das obras literárias.

O documento, elaborado em parceria com o escritor Mark Haddon, pretende fazer com que o mercado editorial reconheça a importância dos tradutores de obras literárias e, nesse sentido, apela a todos os escritores que peçam, aos seus editores, os créditos de capa para as pessoas que traduzem o seu trabalho.

Ao assinar o documento — lançado juntamente com a hashtag #TranslatorsOnTheCover (“Tradutores na Capa”) — os escritores comprometem-se a pedir: “sempre que o nosso trabalho for traduzido… o nome do tradutor apareça na capa”.

Assim sendo, a carta reconhece que é “graças aos tradutores que [há] acesso às literaturas mundiais passadas e presentes” e prossegue dizendo que os tradutores devem ser “devidamente reconhecidos, celebrados e recompensados”.

“Esta é a forma mais simples de os autores tratarem os tradutores com a gratidão e o respeito que merecem.” — Mark Haddon, autor de \”O Estranho Caso do Cão Morto\” e \”O Golfinho\”

“Esta é uma mudança essencial que quase não leva tempo a fazer e não custa nada aos editores.” — Jennifer Croft, tradutora

A tradutora considera igualmente que “o futuro da literatura deve ser honesto, igual e justo”.

Se, por um lado, a iniciativa partiu da tradutora de Olga Tokarczuk, por outro, a reação da escritora polaca, agraciada com o Prémio Nobel da Literatura em 2018, não tardou, tendo sido uma das primeiras a assinar a carta, numa demonstração solidária de apoio a esta iniciativa.

Também a premiada autora anglo-nigeriana Bernardine Evaristo, vencedora do Prémio Booker 2019 com “Rapariga Mulher Outra”, foi uma das primeiras a assinar a carta aberta.

Para além dos nomes já mencionados, Jhumpa Lahiri, Max Porter, Philip Pullman, Sebastian Faulks, Tracy Chevalier e Valeria Luiselli são outros dos nomes que figuram entre os mais de 1.920 signatários da carta.

“Vamos a isso. Todos nós… Nomeiem o tradutor no mesmo fôlego com que nomeiam o autor.” — Max Porter, autor de \”O Luto É a Coisa com Penas\” e \”Lanny\”

Entre os tradutores que também assinaram a missiva, encontram-se alguns responsáveis por traduções de e para a língua portuguesa, como é o caso da britânica Margaret Jull Costa — que traduziu, entre outros, José Saramago, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa e José Régio —, ou dos portugueses Adelino Pereira, Dina Antunes, Eugénia Antunes, Patrícia Abreu Felício, Paulo Rego ou Rita Almeida Simões.

Por fim, nas palavras da escritora britânica Sarah Waters, “a literatura é um poderoso atravessador de fronteiras, e é o trabalho e a criatividade dos tradutores que permite que essa passagem aconteça. Esta simples iniciativa reconhece e celebra os talentos dos tradutores de uma forma que há muito se sente vencida”.

Foto: Pixabay

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Boas leituras!



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