Na última sexta-feira, ficamos saber que o romance vencedor do International Booker Prize de 2021, \”At Night All Blood is Black\”, de David Diop, vai ser editado em Portugal no final deste mês de junho, pela Relógio D’Água, com a tradução a ficar a cargo de Miguel Serras Pereira.
David Diop, que nasceu e vive presentemente em França, ainda que tenha crescido no Senegal, é o primeiro francês a vencer o prémio que pretende incentivar a publicação no Reino Unido de ficção internacional de qualidade e promover o trabalho de tradução.
Nomeada para dez dos mais importantes prémios franceses, esta narrativa publicado em França no ano de 2018 e em 2020 no Reino Unido, o que lhe permitiu ser nomeado para o International Booker, arrecadou o prémio Goncourt des Lycéens, votado por estudantes do secundário, o Ahmadou Korouma na Suíça e o Strega Europeo em Itália.
O romance é inspirado na presença senegalesa na Primeira Guerra Mundial e é centrado nas personagens de Alfa Ndiaye e Mademba Diop, dois atiradores. A história parte de um episódio passado nas trincheiras: “Mal saiu da trincheira, Mademba é mortalmente atingido diante de Alfa, seu amigo de infância e mais do que irmão. Alfa fica sozinho no caos de um grande massacre e a sua razão perturba-se. Até há pouco um camponês africano, vai espalhar a morte nesta terra para ele desconhecida”, resumiu a Relógio d’Água.
O vencedor da edição de 2021 do International Booker Prize foi revelada na passada quarta-feira à tarde. Diop integrava a shortlist do prémio de ficção traduzida para o inglês ao lado de nomes como Mariana Enríquez, Benjamín Labatut, Olga Ravn, Maria Stepanova e Éric Vuillard. “Seis livros maravilhosos, muito bem escritos, cheios de pensamentos originais e histórias convincentes”, mas que não proporcionaram a mesma impressão que \”At Night All Blood is Black\”, que tem tradução de Anna Mocschovakis, que partilha o prémio com Diop, provocou no júri.
“O protagonista deste romance é acusado de bruxaria. Concordamos que a sua prosa encantatória e visão negra brilhante fizeram sacudir as nossas emoções e explodir as nossas mentes, que nos enfeitiçaram.” — Lucy Hughes-Hallett, presidente do júri de 2021 do International Booker Prize
Todos os anos, o International Booker Prize é atribuído a uma obra de ficção traduzida para a língua inglesa e publicada no Reino Unido ou Irlanda. Foi criado em 2005 para incentivar não apenas a publicação, mas também a leitura, no Reino Unido de ficção internacional de qualidade e promover o trabalho de tradução. Possui um valor monetário de 50 mil libras (perto de 56 mil euros), que é dividido em partes iguais pelo autor e tradutor. Os autores e tradutores nomeados para a shortlist recebem mil libras (1.113 euros).
No ano passado, o prémio foi para Marieke Lucas Rijneveld, dos Países Baixos, pela autoria de \”The Discomfort of Evening\”, que contou com tradução de Michele Hutchison. Por cá, o romance foi publicado em maio, com o título \”O Desassossego da Noite\”, pela Dom Quixote, uma chancela do Grupo LeYa Portugal.
Foto: David Diop por Joel Saget
Sobre o autor:
David Diop nasceu em Paris e foi criado no Senegal. Ele é professor na Universidade de Pau e Pays de l’Adour, onde a sua pesquisa inclui tópicos como a literatura francesa do século XVIII e as representações europeias da África nos séculos XVII e XVIII. \”Irmão de alma\”, publicado no Brasil pela Editora Nós e, recentemente, agraciado com o international Booker Prize de 2021, é o seu segundo romance.
Sugestão de Leitura:
Leitores residentes no Brasil:
“Irmão de alma”, de David Diop (Editora Nós, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/irmao-de-alma-1-ed-2020/artigo/201291bc-f11d-43f3-bd6f-175cbf2d3f57
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Boas leituras!