Mesmo em tempos conturbados e difíceis nas terras do samba, a jornalista e escritora portuguesa Alexandra Lucas Coelho, através da Bazar do Tempo, vai ter mais um dos seus livros publicados naquele gigantesco país da América do Sul, o que, para a própria autora, não é algo normal, face ao que tem ocorrido recentemente. No entanto, “Deus-Dará”, é um romance passado no presente, que atravessa quinhentos anos de história entre Portugal e Brasil: a história do Rio de Janeiro desde a sua fundação à actualidade, ilustrando a presença portuguesa, o carácter carioca, as contradições e complexidades de uma metrópole imensa e vibrante. O lançamento ocorrerá, amanhã, na Livraria da Travessa de Botafogo, pelas 19 horas, e terá um debate, com Luiz Eduardo Soares, moderado por Mariana Filgueiras.
A presente década iniciou-se, para o Rio de Janeiro, com a euforia de ter conquistado a organização do Campeonato do Mundo de Futebol, o que aconteceu em 2014, e a organização dos Jogos Olímpicos, dois anos mais tarde. Era isso que o povo carioca tinha no seu horizonte. No entanto para além de tudo isto, o nascimento das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e o crescente investimento estrangeiro transmitiam, à cidade maravilhosa, a ideia de que estaria pronta para dar um novo passo. Ainda assim, aos olhos de Alexandra Lucas Coelho, esse passo foi dado em falso.
A autora já tinha escrito sobre o Brasil, numa obra não-ficcional chamada “Vai, Brasil”, que editada 3 anos antes desta que se prepara para lançar, faltava-lhe usar a ficção para explorar este país tão diverso e tão rico.
Como correspondente do jornal Público, a jornalista e escritora viveu naquela cidade durante 4 anos. Mais precisamente entre 2010 e 2014 e, agora, a edição brasileira de “Deus-Dará” chega às livrarias canarinhas, através da editora Bazar do Tempo. Em Portugal, este romance foi editado, em 2016, pela Tinta da China.
Antes de qualquer outra coisa, “Deus-dará” presta um tributo às \”pessoas reais que foram simplesmente massacradas\”, aquando dos \”descobrimentos\”. Por essa razão, a autora vai viajar até à terra indígena demarcada do povo Krenak.
Neste seu romance acompanhamos sete personagens, ao longo de sete dias de três anos diferentes, “entre o gênesis e o apocalipse”. A saga é contada por um narrador “transatlântico” — que além de usar um vocabulário luso-brasileiro, mergulha na História dos dois países.
Nas palavras da própria autora, em declarações à Agência Lusa ela afirmou: \”Acho que este é o maior desafio de sempre da democracia brasileira. Estes tempos não são normais, e são tempos para tentarmos estar com quem mais precisa. Pensamos nesta digressão para estarmos com as universidades públicas, com as livrarias independentes, com as periferias, com os interiores e com terra indígena\”, declarou à agência Lusa a escritora portuguesa, referindo ainda uma passagem por uma universidade privada, com grande tradição bolsista.”
Como se tudo isto já não fosse instigador, para finalizar, outro ponto curioso é o facto de a autora ter decidido fazer uma digressão por locais que têm sido alvo de cortes por parte do Governo brasileiro, liderado por Jair Bolsonaro, como universidades federais, que viram o seu orçamento bloqueado em até 30%, ou terras indígenas, cuja exploração foi defendida pelo chefe de Estado.
Adicionalmente, a sua estadia no Rio de janeiro vai incluir um evento na faculdade de Letras da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, também na quinta, às 10h; um encontro na sexta-feira, 16h, no IMJA – Instituto Maria e João Aleixo, na Maré; e, no dia 27, às 11h, um debate na PUC-Rio.
Foto: Alexandra Lucas Coelho por Rui Gaudêncio
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Sobre a autora:
Esteve quase a nascer na Ilha do Sal, em Cabo Verde, mas Alexandra Lucas Coelho acabou por nascer em Lisboa, no ano de 1967. Jornalista, desde 1987, e escritora, desde 2007, já viveu em Jerusalém e no Rio de Janeiro. “Oriente Próximo e “Caderno Afegão” marcam os seus primeiros passos na literatura, tendo sido editados em 2007 e 2009, respectivamente. O livro de não-ficção “Viva México” (2010) foi finalista do Prémio Portugal Telecom (atual Prémio Oceanos). O romance de estreia, “E a Noite Roda”, editado, originalmente, em 2012, venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores. Vários dos seus livros estão publicados no Brasil, e o segundo romance, “O Meu Amante de Domingo” (2014), está traduzido em França, pela Éditions du Seuil.“A Nossa Alegria Chegou” o seu mais recente romance que chegou às livrarias em Setembro de 2018, pela Companhia de Letras, marca a chegada ao seu 10º livro publicado.
Sugestões de Leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“Deus-dará”, de Alexandra Lucas Coelho (Edições Tinta da China, Wook):
https://www.wook.pt/…/deus-dara-alexandra-lucas-co…/18884293
Leitores residentes no Brasil:
“Deus-dará”, de Alexandra Lucas Coelho (Bazar do Tempo, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/…/c7fc4cee-561e-4bf6-a2db-e1757…
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