A viver em França, o autor Alain Mabanckou é o 4ª convidado a ser confirmado para a edição deste ano da Flip – Festa Literária Internacional de Paraty, no Rio de Janeiro. Para os menos atentos ao mundo literário, este congolês publicou, em 2006, “Memórias de Porco-Espinho”, uma narrativa que arrecadou o prémio literário Renaudot, logo, no ano da sua publicação.
Considerada a sua obra-prima, “Memórias de Porco-Espinho” tem como base, a exploração de uma lenda popular, segundo a qual, a cada ser humano corresponde um ser semelhante no reino animal.
É a partir desta premissa que Alain narra a história de um porco-espinho extremamente peculiar, pois, seguindo as ordens do seu alter ego humano, cujo nome é Kibandi, ele vai dar início a uma sequência rocambolesca de mortes, com o intuito de satisfazer a loucura sanguinária do seu “mestre”.
Todavia, o autor quebra os paradigmas da fábula convencional e reinventa o conto africano, adicionando-lhe uma narrativa colorida e cómica, numa receita a que não falta, obviamente, a criatividade e a ironia, tornando-o, desta maneira, numa das maiores vozes da literatura francófona actual.
No que diz respeito à edição brasileira, ela foi publicada pela Editora Malê e a tradução ficou a cargo de Paula Souza Dias Nogueira.
Alain Mabanckou nasceu na República Democrática do Congo, mais precisamente, a 24 de Fevereiro de 1966, na cidade de Pointe-Noire. Além da nacionalidade congolesa, o escritor possui, adicionalmente, a nacionalidade francesa.
Antes de se dedicar por completo à literatura, o autor estudou Direito, primeiramente, em Brazzaville e, depois, em Paris, sendo que após o término da licenciatura, trabalhou, durante alguns anos, em diversas multinacionais francesas.
No que toca á sua produção literária, Mabanckou possui 5 romances, 6 livros de poesia e diversos relatos publicados em jornais como o célebre “Le Figaro” e o “Le Soir” e, ainda, em duas colectâneas: Relatos de África (“Nouvelles d’Afrique”) em 2003 e Visto desde a Lua, relatos otimistas (“Vu de la lune, Nouvelles optimistes”) em 2005.
Actualmente, vive nos EUA e leciona na UCLA, disciplinas relacionadas com a literatura francófona, como professor convidado, um caminho que iniciou em 2002, na Universidade do Michigan, onde tinha, igualmente, a seu cargo, a disciplina de escrita criativa.
Relembro que para a edição de 2018 da FLIP, já estão confirmadas, as presenças de André Aciman, autor de “Me Chame Pelo Seu Nome”, editado no Brasil, pela Editora Intrínseca, Leïla Slimani, autora de “Canção de Ninar”, editada pela Tusquets Editores e, ainda, Isabela Figueiredo, autora de “A Gorda”, recentemente, editado no Brasil, pela todavia.
Por fim, sublinho que a FLIP decorre de 25 a 29 de Julho, na cidade de Paraty, no Rio de Janeiro, sendo que Hilda Hilst é a autora homenageada, este ano.
Boas leituras!