“A noite”, peça de teatro de José Saramago, estreia hoje na Academia de Artes do Estoril

A primeira peça de teatro da autoria de José Saramago “A noite”, escrita em 1979 e cuja ação se desenrola durante a noite de 24 para 25 de Abril de 1974, estreia hoje, na Academia de Artes do Estoril, em Cascais, de acordo com o que foi anunciado pela produtora Yellow Star Company.

Esta peça terá quatro sessões no Auditório Carlos Avilez, e tem adaptação e encenação de Paulo Sousa Costa, que a volta aos palcos no ano em que se comemoram os 50 anos do 25 de Abril.

No elenco estão Diogo Morgado, Jorge Corrula, João Didelet, Elsa Galvão, Ricardo de Sá, Luís Pacheco, Henrique de Carvalho, Sara Cecília e João Redondo.

Saramago dedicou esta peça à atriz, dramaturga e encenadora Luzia Maria Martins (1927-2000), fundadora do Teatro Estúdio de Lisboa, precursora do teatro independente em Portugal, que ”o achou capaz de escrever” para palco, como recorda a produtora na apresentação da obra.

A trama passa-se na redação de um jornal, em Lisboa, na noite que antecede a Revolução dos Cravos, e a ação centra-se numa discussão entre Manuel Torres, um redator de província que defende a verdade jornalística, e o seu chefe de redação, Abílio Valadares, submisso à ditadura e à censura existentes em Portugal. Ao lado de Abílio Valadares está o diretor do jornal, Máximo Redondo.

Manuel Torres, “um idealista que vai lutar para que a verdade volte às páginas do ‘seu’ jornal, que não tolera ver manietado por terceiros, está em confronto sistemático com o chefe. Aliados com Manuel Torres estão Cláudia, uma jovem estagiária, e Jerónimo, linotipista e chefe do turno da noite.

O conflito agrava-se quando na redação surge uma informação de que, nas ruas, poderá estar em curso uma revolução. O chefe de redação proíbe que se noticie qualquer informação, aumentando a tensão na equipa, já que Manuel Torres e Jerónimo exigem a confirmação da informação, dos factos e, caso se provem, que sejam notícia de primeira página na edição do dia seguinte.

A contrariar as intenções de ambos estão Abílio Valadares e Manuel Redondo que fazem tudo para depreciar a situação e não a noticiar nem que, para isso, tenham de “arranjar” avarias nas máquinas de composição e impressão.

O aumento da incerteza com o que se passa nas ruas é proporcional ao que se passa na redação e às interrogações que a situação vai levantando. O único a manter-se sereno é Faustino, contínuo do jornal e que sabe mais do que parece.

“A noite” tem direção artística de Paulo Sousa Costa e Pedro Matias, cenografia de José Teles. No que toca à direção técnica, o responsável é Bruno Lucas e o técnico de som é Fernando Lopes. Já o desenho e a técnica de luz é Ariene Godoy e a criação de imagem, o vídeo e voz off é de Pedro Matias.

“Que farei com esta noite?”, “A segunda vida de Francisco de Assis”, “In Nomine Dei” e ” Don Giovanni ou o dissoluto absolvido” são as outras obras dramatúrgicas de José Saramago, Prémio Camões 1995 e Nobel da Literatura 1998.

“A noite” seguirá, depois, em digressão, com espetáculos marcados para o Centro de Artes de Águeda (05 de abril), Casino da Figueira da Foz (12 e 13 de abril), Coliseu do Porto (22 de abril), Salão Preto e Prata do Casino Estoril (24 e 25 de abril), Centro de Artes e Espectáculos de Guimarães (27 e 28 de abril) e Teatro das Figuras, em Faro (01 de maio).

As quatro récitas de “A noite” no Auditório Carlos Avilez, no Estoril, esta semana, têm lugar na quinta-feira (já esgotada), na sexta-feira e no sábado, sempre às 21:00, e no domingo, às 17:00.

Foto: Peça de teatro “A noite”. de José Saramago, com encenação de Paulo Sousa Costa, por José Correia

Sobre o autor:
Nascido a 16 de Novembro de 1922, na aldeia de Azinhaga, José Saramago foi obrigado, devido a dificuldades económicas, a interromper os estudos secundários, tendo, a partir desse momento, exercido diversas atividades profissionais: serralheiro mecânico, desenhista, funcionário público, editor, jornalista, entre outras. O seu primeiro livro foi publicado em 1947. No entanto, só em 1976, é que passou a viver, exclusivamente, da literatura, primeiramente, como tradutor e depois, como autor. Romancista, dramaturgo, cronista e poeta, em 1998, tornou-se o primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prémio Nobel de Literatura.

Sugestões de leitura:

Leitores residentes em Portugal:
“A noite”, de José Saramago (Porto Editora, Wook):
https://www.wook.pt/livro/a-noite-jose-saramago/15497953

Boas leituras!

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