No Dia do Livro Português, trago uma lista com 10 autores que todo o entusiasta da nossa língua deveria ler (Parte 2)

Como prometido, mesmo sabendo que chega com algum atraso, trago-vos a segunda metade da lista de autores portugueses que todo o entusiasta da nossa língua deveria ler.

6. “Mau Tempo no Canal” (1944), de Vitorino Nemésio
Ainda não chegou a hora de deixarmos o Atlântico de lado: Agora, a nossa próxima paragem é nos Açores. Vitorino Nemésio teve as suas raízes plantadas da ilha Terceira. ainda assim, pelo que se pode ler no romance ”Mau Tempo no Canal”, a sua obra mais famosa, é como se tivesse vivido sempre na cidade da Horta, na ilha do Faial, mesmo que só o tenha feito por curtos períodos de tempo e ocasionalmente.

O mau tempo sente-se no canal que separa as ilhas do Faial e do Pico. Porém, o livro conta maus tempos para outros que não o mar – como Margarida Clark Dulmo (aristocrata) e João Garcia (burguês), os protagonistas deste romance, provavelmente, a melhor obra literária portuguesa a ser retratada nas ilhas atlânticas.

Sobre o autor:
Escritor português natural da Ilha Terceira, nos Açores (1901-1978), foi professor da Faculdade de Letras de Lisboa. Colaborou na revista Presença e dirigiu a Revista de Portugal. Poeta, ficcionista, ensaísta, cronista, crítico literário, recebeu o Prémio Nacional de Literatura em 1966. De entre as suas obras, são de destacar “Festa Redonda” (1950), “Nem Toda a Noite a Vida” (1952), “O Pão e a Culpa” (1955), “O Verbo e a Morte” (1959), “O Cavalo Encantado” (1963), “Canto da Véspera” (1966), “Sapateia Açoriana” (1976) e, naturalmente, o romance “Mau Tempo no Canal” (1944).

Sugestões de Leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“Mau Tempo no Canal”, de Vitorino Nemésio (Relógio D\’ÁguaWOOK):
https://www.wook.pt/…/memoria-de-elefante-antonio-…/23325587

7. “O Meu Irmão” (2014), de Afonso Reis Cabral
Aos 40 anos, Miguel tem Síndrome de Down. Muitos consideram, que o facto de permanecer vivo, é um verdadeiro milagre – um ponto de vista que os pais, inevitavelmente, não concordam. Agora, tem apenas o irmão, e ambos coexistem numa aldeia remota no interior do país.

Se “O Meu Irmão”, por um lado, não é uma história verídica, por outro, é o espelho de inúmeras situações reais e isso vê-se na quantidade de testemunhos de leitores que se seguiram à obra. Espelha, também, o quão condicionante é esta dependência, que não é um fardo, mas, sim, uma cumplicidade constante que apenas irmãos são capazes de partilhar.

Um dos motivos que torna esta narrativa numa obra importante é a honestidade e a forma crua como se apresenta – o ponto prova-se sem a necessidade de sentimentalismo e piedade.

Recordo que o autor venceu, no ano passado, o Prémio José Saramago com “Pão de Açucar”, o seu segundo romance, onde não esqueceu a tragédia de Gisberta, uma transexual brasileira que foi brutalmente assassinada em Portugal, em 2006.

Sobre o autor:
Nasceu em 1990. Aos quinze anos, Afonso Reis Cabral publicou o livro de poesia \”Condensação\”. É licenciado em Estudos Portugueses e Lusófonos, fez mestrado na mesma área e tem uma pós-graduação em Escrita de Ficção. Foi duas vezes à Alemanha de camião TIR em busca de uma história, a primeira das quais aos treze anos. Trabalhou numa vacaria, num escritório de turismo e num alfarrabista. Em 2014, ganhou o Prémio LeYa com o romance “O Meu Irmão”, que se encontra em tradução em Espanha e já foi publicado no Brasil e em Itália. Tem contribuído com dezenas de textos para as mais variadas publicações. Em 2017, foi-lhe atribuído o Prémio Europa David Mourão-Ferreira na categoria de Promessa, e em 2018 o Prémio Novos na categoria de Literatura. No final de 2018, publicou o seu segundo romance, “Pão de Açúcar”, com forte acolhimento por parte da crítica. Entre Abril e Maio de 2019, percorreu Portugal a pé ao longo dos 738,5 quilómetros da Estrada Nacional 2, tendo registado essa viagem no livro “Leva-me Contigo”. Trabalha actualmente como editor freelancer. Nos tempos livres, dedica-se à ornitologia, faz Scuba Diving e pratica boxe.

Sugestões de Leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“O Meu Irmão” – Prémio LeYa 2014, de Afonso Reis Cabral (LeYa, Wook):
https://www.wook.pt/…/o-meu-irmao-afonso-reis-cabr…/16037316
“Pão de Açucar” – Prémio José Saramago 2019, de Afonso Reis Cabral (Dom Quixote, Wook):
https://www.wook.pt/…/pao-de-acucar-afonso-reis-ca…/22212454

Leitores residentes no Brasil:
“O Meu Irmão”, de Afonso Reis Cabral (LeYa, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/…/f80202af-8682-42b8-aa58-2511d…

8. “Dentro do Segredo” (2004), de José Luís Peixoto
Sem qualquer margem para dúvida, este livro é um dos poucos testemunhos ao qual podemos recorrer no que toca à Coreia do Norte, num momento global em que é mais importante do que nunca saber um pouco mais (do quase impossível) sobre o país do senhor de bochechas gordas e um penteado único, que nenhum dos seus nacionais pode copiar.

Sobre o autor:
Nasceu em Galveias, em 1974. José Luís Peixoto é um dos autores de maior destaque da literatura portuguesa contemporânea. A sua obra ficcional e poética figura em dezenas de antologias, traduzidas num vasto número de idiomas, e é estudada em diversas universidades nacionais e estrangeiras. Em 2001, acompanhando um imenso reconhecimento da crítica e do público, foi atribuído o Prémio Literário José Saramago ao romance “Nenhum Olhar”. Em 2007, “Cemitério de Pianos” recebeu o Prémio Cálamo Otra Mirada, destinado ao melhor romance estrangeiro publicado em Espanha. Com “Livro”, venceu o prémio Libro d\’Europa, atribuído em Itália ao melhor romance europeu publicado no ano anterior, e em 2016 recebeu, no Brasil, o Prémio Oceanos com “Galveias”. As suas obras foram ainda finalistas de prémios internacionais como o Femina (França), Impac Dublin (Irlanda) ou o Portugal Telecom (Brasil). Na poesia, o livro “Gaveta de Papéis” recebeu o Prémio Daniel Faria e “A Criança em Ruínas” recebeu o Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores. Em 2012, publicou “Dentro do Segredo, Uma viagem na Coreia do Norte”, a sua primeira incursão na literatura de viagens. Os seus romances estão traduzidos em mais de trinta idiomas. Já em 2017, editou “O Caminho Imperfeito”, pela Quetzal Editores, a longa viagem a uma Tailândia para lá dos lugares-comuns do turismo, explorando aspetos menos conhecidos da sua cultura, sociedade, história, religiosidade, entre muitos outros. Quanto à sua obra mais recente, ela surgiu sob o nome de “Autobiografia”, em 2019, onde traz a ousadia de transformar José Saramago em personagem e de chamar Autobiografia a um romance é apenas o começo de uma surpreendente proposta narrativa que, a partir de certo ponto, não se imagina como poderá terminar.

Sugestões de Leitura:

Leitores residentes em Portugal:
“Dentro do Segredo”, de José Luís Peixoto (Quetzal Editores, Wook):
https://www.wook.pt/…/dentro-do-segredo-jose-luis-…/14384856

Leitores residentes no Brasil:
“Dentro do Segredo: Uma Viagem pela Coreia do Norte”, de José Luís Peixoto (Companhia das LetrasLivraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/…/73b98505-e957-4b5f-ade9-4f77b…

9. “O filho de mil homens” (2011), de Valter Hugo Mãe
O protagonista Crisóstomo está a chegar à meia idade, e sente-se incompleto: falta-lhe uma família e a felicidade de a ter. Por isso, inventa-a. Desta poética prosa de Valter Hugo Mãe resultam também as personagens de Camilo, Isaura, Antonino e Matilde, todos partilhando o papel do amor, da paternidade e, sobretudo, da humanidade. E tudo isto exposto com a sensibilidade única de um livro de Valter Hugo Mãe.

Sobre o autor:
É um dos mais destacados autores portugueses da atualidade. A sua obra está traduzida em variadíssimas línguas, merecendo um prestigiado acolhimento em países como o Brasil, a Alemanha, a Espanha, a França ou a Croácia. Valter Hugo Mãe publicou sete romances: “Homens imprudentemente poéticos”, “A desumanização”, “O filho de mil homens”, “A máquina de fazer espanhóis” (Grande Prémio Portugal Telecom Melhor Livro do Ano e Prémio Portugal Telecom Melhor Romance do Ano), “O apocalipse dos trabalhadores”, “O remorso de baltazar serapião (Prémio Literário José Saramago) e “O nosso reino”. Escreveu alguns livros para todas as idades, entre os quais: “Contos de cães e maus lobos”, “O paraíso são os outros” e “As mais belas coisas do mundo”. A sua poesia encontra-se reunida no volume “Publicação da mortalidade”. No mês de fevereiro, editou “Serei sempre o teu abrigo”, Um conto delicado sobre a fragilidade dos avós vista pelos olhos atentos do neto. Publica a crónica Autobiografia Imaginária no JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias e coordena também a coleção de poesia “Elogio da sombra”.

Sugestões de Leitura:

Leitores residentes em Portugal:
“O filho de mil homens”, de Valter Hugo Mãe (Porto Editora, Wook):
https://www.wook.pt/…/o-filho-de-mil-homens-valter…/16248440

Leitores residentes no Brasil:
“O filho de mil homens”, de Valter Hugo Mãe (Biblioteca Azul, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/…/c3f12159-ccf9-4757-8058-9c831…

10. “Para Onde Vão os Guarda-Chuvas”, (2013) de Afonso Cruz
Em “Para Onde Vão os Guarda-Chuvas”, Afonso Cruz imagina um Médio Oriente e uma família que coincide com o que se passa do outro lado do mundo. Todas as personagens, desde Fazal Elahi a Isa, têm características que lhes são próprias, como se fossem reais e distintas.

Sobre o autor:
Afonso Cruz é escritor, ilustrador, cineasta e músico da banda The Soaked Lamb. Em Julho de 1971, na Figueira da Foz, era completamente recém-nascido, e haveria, anos mais tarde, de frequentar lugares como a António Arroio, as Belas-Artes de Lisboa, o Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira e mais de meia centena de países. Assina, desde Fevereiro de 2013, uma crónica mensal no Jornal de Letras, Artes e Ideias sob o título «Paralaxe». Recebeu vários prémios e distinções nas diversas áreas em que trabalha, vive no campo e gosta de cerveja. Os seus livros estão publicados em vários países.

Sugestões de Leitura:

Leitores residentes em Portugal:
“Para Onde Vão os Guarda-Chuvas”, de Afonso Cruz (Companhia das Letras Portugal, Wook):
https://www.wook.pt/…/para-onde-vao-os-guarda-chuv…/15248888

Foto: Uma leitora a ler perto da janela da Livraria da Travessa Lisboa

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