#2 – Tânia Ganho, autora de “Apneia” recomenda 5 leituras

Responsável por \”Apneia\”, um dos romances escritos em língua portuguesa mais elogiados de 2020, cuja edição coube à Casa das Letras, Tânia Ganho recomenda 5 livros de autores diversos e que merecem, na sua opinião, uma leitura neste ano de 2021 que acaba de começar.

1. \”Niketche – Uma História de Poligamia”, de Paulina Chiziane

A história de Rami, que descobre que o marido é polígamo e decide partir em busca das outras mulheres com quem partilha o pai dos seus filhos. Um livro que questiona a sociedade patriarcal e o papel tradicionalmente reservado às mulheres em Moçambique e que, em pano de fundo, nos mostra as profundas diferenças entre o Norte e o Sul do país. Gostei muito da força e arrebatamento das mulheres de Chiziane, que lutam pela sua dignidade e conquistam o seu lugar no mundo.

Sobre a autora:
Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística em Maputo, mas não concluiu o curso. Actualmente vive e trabalha na Zambézia. Ficcionista, publicou vários contos na imprensa (Domingo, na «Página Literária», e na revista Tempo). Publicou o seu primeiro romance, Balada de Amor ao Vento, depois da independência (1990), que é também o primeiro romance de uma mulher moçambicana. \”Ventos do Apocalipse\”, concluído em 1991, saiu em Maputo em 1995 como edição da autora e foi publicado pela Caminho em 1999. O \”Sétimo Juramento\” e \”Niketche\” foram publicados em Portugal em 2000 e 2002, respectivamente. \”Balada de Amor ao Vento\” é o seu quinto romance.

Sugestão de Leitura:

Leitores residentes em Portugal:
“Niketche – Uma História de Poligamia”, de Paulina Chiziane (Editorial Caminho, Wook):
https://www.wook.pt/livro/niketche-paulina-chiziane/18547867

2. “Não Terão o Meu Ódio”, de Antoine Leiris

Para a autora e tradutora portuguesa, este é um texto autobiográfico que é um hino à tolerância e um manifesto contra os ódios e os extremismos.

Definitivamente, é uma carta de amor à sua mulher Hélène, assassinada no Bataclan, em Paris, nos ataques terroristas do 13 de Novembro de 2015, e ao filho de ambos, Melvil.

Um livro muito simples e comovente.

Sobre o autor:
Antoine Leiris nasceu a 21 de maio de 1981, tem 39 anos, é jornalista e escritor. Autor de \”Não terão o meu ódio\”, um livro editado pela Editora Objetiva, uma chancela da Penguin Random House Portugal, em 2016.

Sugestão de Leitura:

Leitores residentes em Portugal:
“Não Terão o Meu Ódio”, de Antoine Leiris (Editora Objetiva Portugal, Wook):
https://www.wook.pt/livro/nao-terao-o-meu-odio-antoine-leiris/17817706

3. “Rebecca”, de Daphne du Maurier

Um dos clássicos da minha vida, que revisito de vez em quando, para matar saudades das personagens principais, três mulheres fascinantes e complexas: a avassaladora Rebecca que, mesmo depois de morta, continua a dominar todos aqueles que com ela conviveram; Mrs. Danvers, presa de uma devoção doentia; e a narradora, que timidamente reivindica o seu direito a amar Maxim de Winter e a ser a nova senhora de Manderley. As descrições são tão vívidas, que nos ficam gravadas na memória.

Sobre a autora:
Nasceu no seio de uma família proeminentemente artística e literária, em Londres, a 13 de maio de 1907. Publicou os seus primeiros trabalhos na revista Bystander, que resultou num contrato com um agente literário. Em 1931, Daphne du Maurier lançou o romance “Apaixonados”, o primeiro de mais de duas dezenas que publicaria ao longo da sua carreira. É principalmente reconhecida por duas histórias, “Rebecca” (1938) e “Os Pássaros” (1952), ambas adaptadas ao cinema por Alfred Hitchcock. A sua novelística é marcada pela sugestão de elementos sobrenaturais, episódios imbuídos do espírito gótico e raramente com finais felizes. Em 1969, pelo inegável contributo que deu à literatura inglesa, é nomeada dama da Ordem do Império Britânico. Faleceu em casa, no condado da Cornualha, em 1989.

Sugestão de Leitura:

Leitores residentes em Portugal:
“Rebecca”, de Daphne du Maurier (Editorial Presença, Wook):
https://www.wook.pt/livro/rebecca-daphne-du-maurier/1498878

4. “O corpo dela e outras partes”, de Carmen Maria Machado

Histórias que me marcaram sobre mulheres intocáveis, mulheres violentadas, mulheres misteriosas, estranhas epidemias que tornam invisíveis as mulheres, contadas numa linguagem poética que mistura fábula e realidade crua, sensualidade e violência.

Finalista do prestigiado National Book Award, O corpo dela e outras partes foi um dos livros-sensação dos últimos anos e anuncia uma das mais promissoras novas vozes da literatura americana.

Sobre a autora:
Carmen Maria Machado é uma escritora norte-americana. Os seus ensaios, contos e outros textos têm sido publicados em jornais e revistas como The New Yorker, The New York Times, Granta, Tin House, VQR, McSweeney\’s Quarterly Concern, The Believer, Guernica, entre outros. É Mestre pela Prestigiada Iowa Writers\’ Workshop. É escritora residente da Universidade da Pensilvânia e vive em Filadélfia com a mulher.

Sugestão de Leitura:

Leitores residentes em Portugal:
“O Corpo Dela e Outras Partes”, de Carmen Maria Machado (Alfaguara Portugal, Wook):
https://www.wook.pt/livro/o-corpo-dela-e-outras-partes-carmen-maria-machado/22099031

5. “Pessoas Normais” de Sally Rooney

Um livro que geralmente é descrito como uma história de amor e amizade entre dois adolescentes, mas que me tocou muito mais pela forma como a personagem feminina, com toda a sua fragilidade e inércia, é fruto de uma infância de abusos psicológicos e violência.

Sobre a autora:
Nasceu, em 1991, e vive em Dublin, onde se licenciou em Literatura Inglesa e Americana pelo Trinity College. Os seus trabalhos têm sido divulgados através de publicações diversas como Granta, The Dublin Review, The White Review, The Stinging Fly e da antologia “Winter Pages”. “Conversas Entre Amigos”, o seu primeiro romance, tem recebido os maiores elogios da crítica. Esta obra de estreia, cujos direitos de publicação foram já vendidos para 24 países, foi também nomeada para vários prémios literários, entre os quais o International Dylan Prize, Rathbones Folio Prize, Desmond Elliot Prize e Kerry Group Irish Novel of the Year. Os direitos para o cinema foram adquiridos pela Element Pictures. Em 2018, publicou “Normal People”, o seu segundo romance, que se tornou bestseller em vários países e foi adaptado, este ano, para série de TV, numa parceria entre a Hulu e BBC, estando nomeada para 4 Emmys.

Sugestão de Leitura:

Leitores residentes em Portugal:
“Pessoas Normais”, de Sally Rooney (Relógio D’Água, Wook):
https://www.wook.pt/livro/pessoas-normais-sally-rooney/23195394

Foto: Tânia Ganho/Divulgação

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Sobre a autora:
Nasceu em 1973, em Coimbra. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, trabalhou durante vários anos em legendagem para televisão e cinema. Foi assistente convidada na Universidade de Coimbra, onde leccionou tradução literária, área a que se dedica há mais de 20 anos. Tânia Ganho traduziu autores como Angela Davis, Siri Hustvedt, Maya Angelou, Leila Slimani, Chimamanda Adichie, Amor Towles, David Lodge e Alan Hollinghurst, entre muitos outros. É autora dos romances “A Vida sem Ti” (2005), “Cuba Libre” (2007), “A Lucidez do Amor” (2010) e “A Mulher-Casa” (2012) e tem vários contos publicados na revista Egoísta. Em 2012, ganhou o primeiro prémio na categoria internacional do Concurso de Contos Cidade de Araçatuba, no Brasil. Depois de ter vivido em Inglaterra, na Alemanha e em França, reside actualmente em Lisboa. “Apneia” é o seu mais recente romance.

Sugestão de Leitura:

Leitores residentes em Portugal:
”Apneia”, de Tânia Ganho (Casa das Letras, Wook): 
https://www.wook.pt/livro/apneia-tania-ganho/24128850

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Boas leituras!