“A construção do vazio”, de Patrícia Reis

Inserida no seu desafio literário desafio #estantemaismulher, a Ana Catarina Ribeiro traz-nos a sua opinião sobre o romance \”A Construção do Vazio\”, da autoria da escritora portuguesa Patrícia Reis, publicado pela Dom Quixote, em março de 2017. No entanto, antes de qualquer outra coisa, é importante realçar que, neste livro, existem cenas de violência sexual e doméstica.

“Cresces mais um pouco, Sofia, e ficas perfeita.” — Patrícia Reis

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Fonte: Publicações Dom Quixote

Este livro é um soco no estômago do início ao fim. A história é contada na primeira pessoa por Sofia, uma criança que é negligenciada e maltratada pela mãe e violada pelo pai. Ao longo da vida, Sofia vai-se relacionando com várias pessoas e tem muitas oportunidades para desabafar.

Acontece que Sofia escolheu o silêncio como forma de defesa. Através do silêncio em relação ao que lhe aconteceu, pretende atingir o vazio total, que lhe permitirá deixar de sentir dor. Acaba por casar-se com um homem violento, repetindo o padrão de violência traumático. Será o vazio suficiente para salvar Sofia da dor atroz que a consome?

Esta leitura fez-me pensar em tantas coisas, mas acima de tudo trouxe à tona dois temas que me tocam muito: a violência exercida sobre as crianças e a responsabilidade de colocar um ser humano no mundo.

Quem defende estas crianças quando pai e mãe as maltratam? E se a criança escolher o silêncio? E se escolher falar? Estamos preparados para ser pais num mundo  que deixa uma “Valentina” agonizar num sofá até à morte?

Talvez se perguntem porque me lembrei da Valentina e a resposta é muito simples: penso nela todos os dias. Não tenho vergonha de admitir que sou uma dessas pessoas que escolheu crer em Deus e todos os dias oro por todas as Valentinas deste mundo.

Enfim, não foi uma leitura fácil, mas são temas que precisam de ser colocados em cima da mesa. Em relação à minha estreia com Patrícia Reis, não podia estar mais satisfeita. Adorei a escrita da autora. Este livro faz alusão a outros autores e obras, na medida em que a literatura se torna o único refúgio da personagem principal. Uma obra literária cruzar-se com outra de uma forma tão bonita é o suficiente para me conquistar. Quero, sem dúvida, conhecer mais do universo ficcional desta escritora e, ao mesmo tempo, deixo-vos a sugestão para que o façam também.

Foto: Patrícia Reis por Gonçalo Santos

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Sobre a autora:
Nasceu em 1970, em Lisboa. Patrícia Reis começou a sua carreira de jornalista em 1988 e, desde 2000, que assume a edição da revista Egoísta. Estreou-se na ficção em 2004, com “Cruz das Almas”, a que se seguiram os romances “Amor em Segunda Mão” (2006), “Morder-te o Coração” (2007), que integrou a lista de 50 livros finalistas do Prémio Portugal Telecom de Literatura, “No Silêncio de Deus” (2008), “Antes de Ser Feliz” (2009), “Por Este Mundo Acima” (2011) “Contracorpo” (2013). A sua novela “O que nos separa dos outros por causa de um copo de whisky” (2014) ganhou, por unanimidade, o Prémio Nacional de Literatura da Fundação Lions. Publicou, em 2016, o romance Gramática do Medo, escrito em parceria com Maria Manuel Viana. Depois, surgiu “A Construção do Vazio” (2017), “As Crianças Invisíveis” (2019) e “Da Meia-Noite às Seis” (2021) é o seu mais recente romance. É ainda autora de biografias, de um romance fotográfico e de livros infantojuvenis. 

Sugestão de Leitura:

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“A Construção do Vazio”, de Patrícia Reis (Dom Quixote, Wook):
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Boas leituras!

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