Arturo Pérez – Reverte cria esta surpreendente história baseada em factos reais. Narra a luta do povo espanhol contra o exército francês. A Espanha foi cercada pelo exército de Bonaparte, o rei Fernando encontra-se no exílio e o povo está descontente. Porém, tudo mundo, no momento em que um bando de revoltosos decide lutar para se libertar da opressão francesa.
A narração assemelha-se a uma crónica social, na qual, cada detalhe serve para realçar o patriotismo, o sofrimento do povo espanhol e, ainda, o heroísmo deste que não baixou os braços e nunca desistiu de conseguir libertar-se do inimigo.
Neste livro, o herói não é individual, mas sim, colectivo. É o Zé-povinho, os desprezados, aqueles que, muitas vezes, têm pouco destaque nas narrativas que são o exemplo. O povo demonstra possuir mais honra e lealdade do que a grande nobreza.
No entanto, há algumas figuras que se destacam, como é o caso dos militares Valverde e Daiz que decidem participar na luta, sabendo, ainda assim, que vão contra as ordens dos seus superiores.
Não posso deixar de realçar, também, o papel das mulheres, dado que estas não ficaram paradas, vendo os seus familiares lutarem, simplesmente.
Em vez disso, decidem participar, igualmente, no massacre. Muitas delas conseguem dar ânimo aos militares, levantam a moral e permitem que a esperança não lhes falte.
“Um Dia de Cólera” é uma obra que retrata a batalha entre espanhóis e franceses. A sua descrição é tão detalhada que parece uma fotografia.
Nela, a morte e a perda são enquadradas como um sacrifício necessário para atingir a liberdade. O inimigo encarna, claramente, um lado violento, onde os “desertores” são roubados e castigados. Há um contraste entre as duas nações: Espanha e França. Dois países valorosos, todavia, nesta história, os verdadeiros heróis são os espanhóis. Um livro dedicado aos inúmeros homens e mulheres envolvidos nos acontecimentos de 2 de Maio de 1808, em Madrid.
Por fim, resta-me dizer que, em Portugal, o livro foi publicado pelas Edições ASA, em 2008.
Boas leituras!