Depois da Segunda Guerra Mundial, o autor norte-americano, nascido em 1922, tornou-se num dos maiores nomes da literatura do século XX. Através de uma combinação ímpar entre um estilo satírico e o humor negro disperso em muitas das suas obras, Vonnegut conquistou o seu próprio espaço. Autor de 14 romances, um conjunto respeitável de textos, publicações e diversos trabalhos, nomeadamente, “Matadouro Cinco”, editado pela Bertrand Editora, no nosso país, narra a vida de Billy Pilgrim, recorrendo à ficção científica, numa conjugação única, recheada de flashbacks, numa tentativa ousada de narrar os extermínios orquestrados pela humanidade. Além disso, esta obra-prima contém traços autobiográficos, ainda que tenham sido ficcionados pelo escritor.
Alinhou na segunda guerra mundial, ao serviço dos aliados, e testemunhou o Bombardeamento de Dresden, um dos maiores massacres de guerra alguma vez cometidos. Por esse e por muitos outros motivos, recordar Kurt Vonnegut é relembrar um escritor que se mantém actual, sobretudo, porque continua a chamar à atenção dos leitores do mundo inteiro. A sua história de vida fez com que conseguisse atingir patamares literários que tornaram. desde logo, as suas obras em best sellers e que o tempo as conduziu para a categoria de long sellers.
A metrópole que testemunhou o seu nascimento foi Indianápolis, mais precisamente, no dia 11 de Novembro daquele ano. As origens da sua família levam-nos a regressar aos finais do século XIX. Curiosamente, apesar de ser uma família com raízes germânicas, estava emigrada nos EUA desde essa época. Ainda assim, desde tenra idade, mostrou uma grande capacidade para para línguas e humanidades.
Mais tarde, ambicionaria tornar-se arquitecto, tal como o seu pai, contudo, a família achou que ele deveria especializar-se numa área que lhe pudesse ser mais útil e que, idealmente. conseguisse oferecer-lhe um maior equilíbrio financeiro. Assim sendo, formou-se em Química, tal como o seu tio, especializando-se, mais concretamente, em Bioquímica, pela Universidade de Cornell, em Nova Iorque. No entanto, a sua falta de entusiasmo era notória e terminou-o com notas abaixo da média, o que o levou, posteriormente, a escolher outra via profissional. O seu ponto de partida foi o exército norte-americano. Com efeito, aquando do ataque a Pearl Harbor, em 1941, o ainda desconhecido autor combateu, de forma feroz, ao lado dos aliados, pois, já se tinha alistado nas forças militares americanas, nessa altura. Além de tudo aquilo que ocorria na sua vida, a sua mãe suicidou-se ao ingerir uma elevada quantidade de comprimidos. Quanto a Vonnegut, recebeu treino militar, assumindo o papel de engenheiro de armas.
Meses depois, Vonnegut seria enviado para a Europa e, no mês de Dezembro, acabou por ser capturado, durante a batalha de Bulge, juntamente com outros 50 soldados, pelas forças militares alemãs que os converteram em prisioneiros. Durante este período, e dada a sua formação em química, foi forçado a trabalhar numa fábrica de vitaminas e, à noite, pernoitava num matadouro com os restantes prisioneiros. A 13 de Fevereiro de 1945, Dresden tornou-se alvo das forças aliadas tendo sido fortemente bombardeada, sendo este um dos mais violentos episódios da segunda grande guerra. Consta que tenham sido 25 mil, as vítimas mortais. Claramente, uma das maiores carnificinas alguma vez testemunhadas. Assistiu a tudo. Diria mesmo que ficou fascinado com nível da destruição em Dresden, observando, a partir de uma ângulo privilegiado, a cidade alemã transformada em ruínas. Sobreviveu escondido num armário de carne, que possuía três andares, e logo após o bombardeamento ter terminado, regressou, mais uma vez, aos trabalhos forçados, escavando e retirando os corpos dos escombros, juntamente, com outros prisioneiros.
Foi este seu testemunho que inspirou grande parte de toda a sua obra literária, em particular, “Slaughterhouse-Five”, considerado, por muitos, uma das maiores peças literárias do pós-guerra e o trabalho mais ilustre de Vonnegut enquanto escritor.
Com esse intuito, a Editora Intrínseca vai reeditar uma edição comemorativa de 50 anos de “Matadouro Cinco”, com capa dura. Esta chega às livrarias, a partir de 11 de março, e a tradução é de Daniel Pellizzari. No que toca à apresentação, ela ficará a cargo de Antônio Xerxenesky.
Uma obra divertida e necessária, que questiona, reiteradamente, a nossa capacidade de nos acostumarmos com tudo. Qualquer semelhança com a atualidade não é mera coincidência.
Foto: Kurt Vonnegut por Edie Vonnegut
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Sobre o autor:
Nasceu em Indianápolis, EUA, em 1922. Kurt Vonnegut é autor de trinta romances, vários ensaios e peças de teatro, muitos dos quais com adaptações ao cinema e à televisão. É um dos poucos grandes mestres da literatura norte-americana contemporânea. Sem ele, a própria expressão «literatura norte-americana» perderia parte do sentido. Apesar da sua vasta obra, para além de \”Um Homem Sem Pátria\”, somente «Cama de Gato» e «Matadouro Cinco» foram editados em Portugal. Faleceu, a 11 de Abril de 2007, com 84 anos.
Sugestões de Leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“Matadouro Cinco”, de Kurt Vonnegut (Bertrand Editora, Wook):
https://www.wook.pt/…/matadouro-cinco-kurt-vonnegut/11152339
Leitores residentes no Brasil:
**“Matadouro Cinco”, de Kurt Vonnegut (Edição de capa dura, Editora Intrínseca, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/matadouro-cinco-1-ed-2019/artigo/00be1077-248c-40b7-b6da-b6ca14d866c0
** Obs: O livro está em pré-venda e o lançamento está previsto para dia 01/03/2019.
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Boas leituras!