Fernando Pessoa: A última casa em que o poeta habitou fechou, temporariamente, para obras de remodelação

O poeta Fernando Pessoa (1888 – 1935) precisou. somente, de três décadas para fundar toda uma nova literatura, magistralmente, escrita na língua de Camões. Isso aconteceu, sobretudo, após o seu regresso da cidade de Durban, na África do Sul, quando tinha 17 anos. O legado que nos deixou, transmite, de forma única e indelével, a tragédia da existência humana, a incerteza da vida e da morte, os sonhos, as ilusões e as desilusões. A última casa em que o poeta habitou, em Lisboa, fechou para obras de remodelação e, temporariamente, todas as actividades vão decorrer em vários locais da capital, adquirindo a característica nómada que pautou, de forma incessante, a sua própria vida.

O crescente número de pessoas que tem interesse em visitar a Casa Fernando Pessoa, localizada no nº 16 da Rua Latino Coelho, em Lisboa, obriga ao encerramento daquela que, para além de ter sido a sua habitação na capital, ostenta grande parte do seu espólio, convertendo-se num museu e num ponto de elevado interesse turístico, principalmente, se gosta de poesia e do trabalho multifacetado deste inigualável embaixador da nossa língua.

Foi através de um comunicado para a imprensa que a Casa Fernando Pessoa divulgou esta sua intenção. A partir de ontem, dia 1 de Março, este espaço encerrou ao público para que possa voltar, ainda este ano, \”com um novo projecto museográfico que dará mais acesso ao espólio do escritor\”.

Contudo, as actividades da Casa Fernando Pessoa não serão interrompidas, diria mesmo, muito pelo contrário. Toda a programação do museu vai continuar a decorrer, nesse período, a partir de diferentes pontos: escolas, ruas que o poeta costumava percorrer, o bairro de Campo de Ourique, teatros ou museus da cidade.

Além disso, está prevista a continuação dos ciclos de programação, bem como dos programas educativos, como é o caso dos passeios, das oficinas, das Aulas de Poesia Mundial, da Feira do Livro de Poesia, do Clube dos Poetas Vivos, em parceria com o Teatro Nacional D. Maria II, ou da segunda edição do encontro internacional Lisbon Revisited — Dias de Poesia, em Junho.

Olhando, de forma mais atenta, para o percurso do poeta, maioritariamente, errante, observamos que os seus últimos 15 anos de vida foram vividos nesta casa. Por esse motivo, as obras acontecem, justamente, para poder responder, da melhor forma, aos milhares de pessoas que nos visitam, desejosas de saber mais sobre Fernando Pessoa, sem qualquer dúvida, “um símbolo da literatura portuguesa a nível mundial\”.

Inaugurada em 1993, a Casa Fernando Pessoa, actualmente, é gerida pela EGEAC Cultura em Lisboa, e tem como missão fazer uso do legado do escritor e servir como lugar de encontro e reflexão sobre a criação literária, tendo, ao longo dos anos, desenvolvido novas valências para acompanhar a tendência de aumento do turismo cultural.

1905, ano em que o jovem Fernando Pessoa, a bordo do Herzog, um navio alemão, regressa à cidade Lisboa, partindo, naquela altura, da cidade de Durban, na África do Sul, onde, por razões familiares, viveu parte da sua infância e adolescência.

Desiludido com o ensino superior, apesar de ser um aluno brilhante, uma vez que não conseguiu obter uma bolsa para estudar em Oxford ou Cambridge, no Reino Unido, ao chegar a Lisboa, este obscuro técnico comercial, que desenvolveu diversos pequenos negócios, desempenhando variadas profissões, ainda que não tenha sido sem qualquer sucesso, começou, ele próprio, e de forma lenta, uma longa viagem interior.

O resultado dessa sua intensa e múltipla produção literária, muito por culpa dos heterónimos que criou, é conhecida e elogiada por todos, o que faz com que este célebre poeta do século passado continue a ser um dos maiores exemplos da genialidade de quem se dedica a criar, através das letras e das palavras.

Por fim, não poderia deixar de realçar que a vasta obra de Pessoa está traduzida em 37 idiomas, quase tantos, como os anos que viveu, 47.

Foto: Casa Fernando Pessoa/Divulgação

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Sobre o autor:

Nasceu em 1888, em Lisboa. Em 1912, publicou seu primeiro artigo, “A nova poesia portuguesa sociologicamente considerada”, na revista A Águia. Em 1914, escreveu os primeiros poemas dos heterônimos Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, aos quais daria personalidades complexas. Sob o nome de Bernardo Soares, Fernando Pessoa escreveu os fragmentos mais tarde reunidos em “O Livro do Desassossego”. No ano seguinte, com escritores como Almada Negreiros e Mário de Sá-Carneiro, lançou a revista de poesia de vanguarda Orpheu, marco do modernismo em Portugal e que daria grande projeção ao poeta. O único livro de poesia em português que publicou em vida foi “Mensagem” (1934), marcado pela visão mística e simbólica da história lusa. Fernando Pessoa morreu, a 30 de Novembro de 1935, em Lisboa.

Sugestões de Leitura:

Leitores residentes em Portugal:
“Mensagem”, de Fernando Pessoa (Assírio & Alvim, Wook):
https://www.wook.pt/livro/mensagem-fernando-pessoa/11236962
“Livro do Desassossego”, de Fernando Pessoa (Assírio e Alvim, Wook):
https://www.wook.pt/…/livro-do-desassossego-fernan…/11236978
“Sobre a Arte Literária”, de Fernando Pessoa (Assírio e Alvim, Wook):
https://www.wook.pt/…/sobre-a-arte-literaria-ferna…/21892017
“Obra Completa de Álvaro de Campos”, de Fernando Pessoa (Tinta-da-China, Wook):
https://www.wook.pt/…/obra-completa-de-alvaro-de-c…/23413084
“Obra Completa de Ricardo Reis”, de Fernando Pessoa (Tinta-da-China, Wook):
https://www.wook.pt/…/obra-completa-de-ricardo-rei…/23413085
“Teatro Estático”, de Fernando Pessoa (Tinta-da-China, Wook):
https://www.wook.pt/…/teatro-estatico-fernando-pes…/19727577

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Boas leituras!

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