O olhar de Karina Sainz Borgo sobre a imunda e violenta cidade de Caracas inspira o seu primeiro romance

Confirmada como convidada da presente edição da Flip – Festa Literária Internacional de Paraty, na cidade de Paraty, no Rio de Janeiro, a jornalista e escritora venezuelana Karina Sainz Borgo está prestes a ter o seu primeiro romance, “Cai a Noite em Caracas”, editado, em Portugal, pela Alfaguara Portugal, no próximo mês de Junho. Quanto à edição brasileira, “Noite em Caracas” será publicada pela Editora Intrínseca e chegará às livrarias a 10 de Junho.

Actualmente, a viver em Madrid, Karina Sainz Borgo não volta à sua Venezuela, desde 2012 ou 2013, na época em que Hugo Chávez concluía o seu segundo mandato como líder dos destinos daquele país situado no norte do continente sul-americano. a jornalista rumou até Espanha em em 2006. Nessa altura, tinha 24 anos.

Entretanto, nesse período de tempo, nas vezes que voltou à sua Caracas, o que acontecia anualmente, assistia à degradação lenta, mas constante, de todo um país. A carência de alimentos, dinheiro e combustíveis, a perseguição das liberdades democráticas, a crescente violência, tanto nas ruas como na política foram alguns dos factores que, com o passar do tempo, fizeram com que a autora se sentisse órfã, uma vez que este era um país brutalmente diferente daquele que tentava manter na sua memória:

“Foi como rever uma mãe ou um pai e não ser capaz de reconhecê-los. Senti-me órfã. Senti raiva. Senti um profundo mal-estar ao me dar conta de que, depois de anos de regime chavista, o país não saía mais desse estranho limbo de violência e fome, de barbárie.” — Karina Sainz Borgo

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Fonte: Editora Intrínseca

Aliás, foi esse sentimento de roubo das suas origens que fez com que acabasse por trocar a escrita jornalística pela literária. Nas suas próprias palavras, “Noite em Caracas”, publicado originalmente como “La Hija de la Espanhola”, é “um ajuste de contas com a minha origem, comigo mesma. É uma história sobre o desenraizamento, sobre a sensação de se sentir um estranho entre os seus. Não reconheço mais o lugar onde nasci e ele também não me reconhece.”

Em 2018, surgiu como um dos livros mais aclamados da Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha, a maior montra europeia para onde correm os editores do mundo inteiro para descobrirem a próxima sensação literária.

Fernanda Diamant, a actual curadora deste importante evento, convidou-a para a presente edição da FLIP, que vai decorrer na tranquila cidade de Paraty, no Rio de Janeiro, entre 10 e 14 de Julho e que homenageia Euclides da Cunha, o autor de “Os Sertões”, um romance que permanece, ainda hoje, como um dos maiores clássicos da literatura canarinha.

Comprometida com o perpetuar de uma tradição que já está enraizada na cultura da FLIP, que mistura a presença de autores consagrados e jovens autores estreantes no panorama literário, para ela, “Sainz Borgo consegue entrelaçar as qualidades de jornalista às de romancista, criando um livro que é, simultaneamente, uma experiência imaginativa e um retrato da violência de um país. O seu foco, enquanto narradora, é duplo: olha para as tramas dos afectos e da política no momento em que elas se enredam. O seu livro é todo costurado a partir dessas linhas cruzadas e dos seus nós”.

Por fim, não poderia deixar de relembrar que que a edição brasileira será publicada com o título “Noite em Caracas”, retirado da última frase do romance: “Em Caracas, sempre seria noite”. Quanto à tradução, ela foi realizada por Livia Deorsola.

Foto: Karina Sainz Borgo por Isabel Permuy

Sobre a autora:
Nascida em Caracas, no ano de 1982, Karina Sainz Borgo é escritora e jornalista cultural. A autora, que vive em Espanha, há mais de uma década, iniciou a sua carreira no jornal venezuelano El Nacional. Actualmente, colabora com publicações como El MundoFolha de S.Paulo e o digital Vozpópuli. É autora dos livros de crónicas “Tráfico Guaire” e “Caracas hip-hop”, ambos de 2008. “Cai a Noite em Caracas” é o livro que marca sua estreia na ficção, tornou-se num bestseller imediato em terras espanholas, dado que contou com cinco edições num único mês e teve os seus direitos vendidos para 22 países.

Sugestões de Leitura:

Leitores residentes no Brasil:
“Noite em Caracas”, de Karina Sainz Borgo (Editora Intrínseca, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/…/457da803-b0af-4796-873e-11263…

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Boas leituras!

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