A Festa Literária Internacional de Paraty está a delinear, naquela que será a edição em que vai voltar a adotar o modelo presencial após três anos, uma novidade que é vista como uma ideia que pode mudar a experiência do evento. Por outras palavras, para aprofundar mais o conceito, a equipa do festival está a convidar editoras para que estas montem tendas numa praça aberta e possam vender os seus livros diretamente aos leitores.
O objetivo desta iniciativa, que ainda é inédita neste evento tão marcando no Brasil, é atrair as casas editoriais independentes que não têm recursos para ocupar uma casa com programação própria durante a Flip, mas que, ainda assim, desejem ter um lugar ao sol neste que é um dos momentos mais aquecidos do mercado. No entanto, deve haver uma contribuição mínima para participar, que segundo a organização será de 2.500 reais.
Quem já é frequentador recorrente de Paraty, no litoral do Rio de Janeiro, lembra-se das aglomerações apertadas que se produziam na Livraria da Travessa erguida no centro da cidade, sendo que, nessa época, este era o único canal de vendas oficial para comprar livros na Flip, ou seja, a receita arrecadada costumava ser dividida entre a livraria e a Casa Azul, responsável pela organização do festival.
Agora, o comércio de livros deve ser pulverizado no espaço da Praça Aberta, sediado no areal do Pontal, do lado oposto do rio em relação à praça da Matriz.
As editoras e outras iniciativas literárias que aderirem ao projeto poderão organizar encontros e intervenções artísticas durante a festa, que acontece de 23 a 27 de novembro, mas as negociações sobre o que pode e o que não pode ainda são escassas neste momento.
Antes era possível, claro, comprar livros fora da Travessa durante a Flip, mas num esquema feito de forma não oficial. Por isso, a partir deste ano, a venda de livros, para além de permitir aos visitantes ter uma maior oferta de títulos, deve institucionalizar-se, num modelo que ajuda a aliviar as finanças do festival, sufocadas este ano pelas dificuldades de captação de recursos promovidas através da Lei Rouanet.
Rui Campos, fundador da Livraria da Travessa, afirma que a grande livraria feita em parceria com a Flip deve seguir em frente, ainda que nada esteja confirmado, declarando: “Não vamos ser o problema. E falei para eles que, se tiver esse outro esquema, nós queremos participar também, seria simpático.”.
Do lado da Flip, existe um reforço de que a chamada às editoras, cujos detalhes estão a ser ultimados neste momento, “não impacta a parceria com a Travessa, que estará na Flip, sobretudo porque compartilha uma visão comum de urbanismo e cidade”.
“A presença da livraria na praça da Matriz transforma e qualifica o espaço público de Paraty durante a realização da Flip — que é um festival que se destaca justamente pela forma com que ocupa o território.”
— Organização da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip)
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Foto: Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) por Walter Craveiro
Boas leituras!