Pincelada #3 – Sou um escritor iniciante, devo escrever a minha narrativa na primeira pessoa ou na terceira pessoa?

Muitos autores iniciantes têm essa dúvida, visto que se preocupam mais em querer saber o que o seu potencial público gosta de ler do que com o trabalho que terão para escrever em primeira ou terceira pessoa.

Primeiramente, qualquer uma das abordagens possui vantagens e desvantagens. Escrever em primeira pessoa se, por um lado, aproxima o protagonista do leitor, por outro, limita os sentimentos e pensamentos a partir do ponto de vista de um único personagem, o que acaba por arrastá-lo para que use, na maioria dos casos, os diálogos para entregar, ao leitor, os pensamentos dos outros personagens.

Diria que o principal cuidado a ser tomado, aqui, é justamente esse: evitar a “Síndrome do Vidente”. Por outras palavras, é quando o protagonista sabe exatamente o que outro está a pensar e/ou a sentir sem que seja necessário que este abra a boca ou expresse alguma emoção.

Portanto, quando for necessário passar alguma reação de um personagem secundário, a quem lê, e não couber, ou até o autor não quiser usar os diálogos com essa finalidade, o protagonista pode narrar a sua impressão do que está a ver/observar ou pontuar o que ele imagina que o outro está a sentir, baseando-se em suposições.

Já escrever em terceira pessoa, dá a liberdade ao autor para que possa explorar todos os seus personagens a fundo. Nesta abordagem, o desafio é não distanciá-los do leitor e nunca deixar de demonstrar o que cada personagem pensa ou sente, para não gerar uma narrativa confusa.

Um teste muito simples é escrever o mesmo capítulo em primeira e terceira pessoa e avaliar qual das formas mostrou um resultado mais satisfatório.

O mesmo teste pode ser feito quanto à escolha dos tempos verbais, A lembrar: se uma história começa a ser narrada no presente, ela tem, por obrigação, de seguir no presente até a última página. O cuidado deve ser redobrado para não misturar o presente com o passado, a menos que queira trazer pensamentos de outrora.

Em suma, cabe ao autor, a última decisão, sem esquecer que se deve focar nos caminhos em que se sentirá mais confortável e terá maior facilidade em desenvolver uma história até o fim. Com um livro bem escrito, certamente conquistará leitores.

Na próxima quarta-feira, dia 5 de Fevereiro, haverá mais uma pincelada!

Foto: Niklas Hamann/Unsplash

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Boas leituras!

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