Neste segundo texto, Ana Beatriz Ribeiro vai trazer a sua análise sobre a família Bennet, do romance \”Orgulho e Preconceito\”, de Jane Austen.
Existe, porventura, alguém que tenha uma família perfeita? Se existir, essa pessoa que atire a primeira pedra! Neste caso, os membros da família Bennett contrastam, uns com os outros, de uma forma maravilhosa.
Comecemos pelos pais. Mr. Bennett é o homem que adora a tranquilidade da sua biblioteca e que não é grande fã da convivência em sociedade, sendo, para ele, muito difícil fazer apresentações e frequentar bailes. Por oposição, Mrs. Bennett adora tudo o que o marido detesta, sendo que, por várias vezes, ao longo do livro, ela tenta convencê-lo a fazer visitas sociais, visto que, para a esposa e as filhas poderem frequentar a casa de pessoas que não conhecem, têm de ser, em primeiro lugar, apresentadas e isso é algo que é muito custoso a Mr. Bennett.
O primeiro contraste que encontramos é entre Mr. e Mrs. Bennett. Por um lado, Mr. Bennett permanece um observador atento, que só fala quando é necessário; Por outro, Mrs. Bennett é uma mulher tola, tal como é descrita no livro, que se expõe ao ridículo com os seus comportamentos e com as suas conversas, o que deixa as filhas expostas, também, a esse ridículo e leva o seu próprio marido a troçar dela.
Desta união, resultaram cinco filhas que são muito diferentes, mesmo entre si, e podem ser agrupadas em três grupos.
No primeiro grupo, estão as duas filhas mais velhas: Jane e Elizabeth. A primeira é uma rapariga muito doce, bonita, com um coração puro e que não vê maldade em lado nenhum; a segunda não é tão doce nem tão bonita, contudo, tem agudeza suficiente para perceber as verdadeiras intenções das pessoas. Têm, em comum, o recato e a boa educação e ambas ficam envergonhadas com os comportamentos da mãe e das irmãs mais novas.
No segundo grupo, temos Mary, a filha do meio. Ela não é bonita nem tem qualquer atributo que a faça realçar. Como não tem talento, nem para cantar, nem para tocar, tenta colmatar isso com muito trabalho e, por isso, é normal vê-la, constantemente, a estudar e com um livro na mão.
Por último, temos as irmãs mais novas: Lydia e Kitty. Por oposição das irmãs mais velhas, estas duas não tem recato nenhum e, portanto, é completamente normal vê-las atrás dos oficiais, que se instalaram em Meryton, sendo que elas os visitam diariamente e, sempre que não o podem fazer, andam a lamentar-se pela casa. A nível de comportamentos, elas saíram à sua mãe e esta apoia-as em tudo o que fazem, mesmo que isso as leve para situações pouco recomendáveis para raparigas.
Depois de analisar toda a família Bennett, resta concluir que Longbourn é uma casa muito movimentada e agitada, sendo que não há momentos de monotonia. Há, sim, sem dúvida nenhuma, momentos ridículos que despertam a troça de Mr. Bennett, os ataques de nervos de Mrs. Bennett, a vergonha de Jane e Lizzie e as lamentações de Lydia e Kitty. Mary permanece desinteressada de toda a agitação.
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Sobre a autora:
Nasceu em 1775, em Steventon, Hampshire, no Sul de Inglaterra. Jane Austen foi a sétima de oito filhos do reverendo George Austen, o pároco local. Começou a escrever \”Orgulho e Preconceito\” aos vinte e um anos, obra que viria a ser publicada, pela primeira vez, apenas em 1813, anonimamente, tendo-se tornado um sucesso imediato junto do público. Embora todos os romances publicados em vida da autora tenham sido anónimos, Jane Austen contou desde cedo com leitores ilustres e muito devotados, entre os quais o Príncipe Regente, mais tarde rei Jorge IV, e o escritor Walter Scott. A sua escrita – apesar de ter vivido num universo quase exclusivamente confinado ao círculo dos seus relacionamentos familiares – revela uma finíssima capacidade de observação do comportamento humano, em especial o das famílias e das jovens das classes médias e alta, e um espírito arguto e satírico que a faz ombrear com os maiores romancistas da literatura universal. Da mesma autora, o leitor pode encontrar, também na coleção «Grandes Narrativas», as obras \”Sensibilidade e Bom Senso\” e \”Orgulho e Preconceito\” e \”Persuasão\”.
Sugestões de Leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen (Editorial Presença, WOOK):
https://www.wook.pt/livro/orgulho-e-preconceito-jane-austen/15560651
Leitores residentes no Brasil:
“Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen (Companhia das Letras, Livraria da Travessa):
https://www.travessa.com.br/orgulho-e-preconceito-1-ed-2011/artigo/1204e5ad-01e1-4033-913f-dcb5de498731
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Boas leituras!