8 novidades literárias escritas por mulheres que vão chegar às livrarias portuguesas nos próximos meses

Sei que o ano ainda agora começou mas, como sabem, quem gosta de ler, vive estes primeiros dias numa grande ansiedade para saber quais são os livros que as editoras vão publicar este ano. Nesse sentido, trago-vos esta lista de lançamentos especialmente focados em obras de autoria feminina. Assim sendo, novas obras de autoras como Ana Luísa Amaral, Bernardine Evaristo, Cláudia Andrade, Elif Shafak, Ingeborg Bachmann, Leïla Slimani, Natasha Brown e Silvina Ocampo vão chegar às livrarias portuguesas.

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Foto: Ingeborg Bachmann por Herbert List

\”Malina\”, de Ingeborg Bachmann (ed. Antígona, fevereiro/2022)

Por altura do 51.º aniversário da publicação de \”Malina\”, de Ingeborg Bachmann, a Antígona vai publicar uma nova edição do clássico feminista moderno, com tradução de Helena Topa e posfácio de Elfriede Jelinek, Nobel da Literatura. Malina, o único romance de Bachmann, é a história de I., a narradora, e uma reflexão sobre a sua existência como mulher e escritora através de reflexões pessoais e diálogos. Passado numa Viena decadente, na segunda metade do século XX, Malina é uma viagem aos limites da linguagem e um retrato existencial lúcio e poderoso. O romance foi pensado como o primeiro volume de uma trilogia interrompida pela morte da autora aos 47 anos, em 1973.

Sobre a autora:
É uma poesia com data(s), registo pungente de uma memória histórica recente, encruzilhada por onde passam e deixam marcas, na década de cinquenta, tradições que ecoam Safo, o Cântico Maior ou o Surrealismo, mas que traz uma assinatura própria, como a de alguns contemporâneos mais divulgados que também já ganharam voz em português – Celan ou Johannes Bobrowski. Vinda dos tempos negros de uma Áustria que aceitou o jugo de Hitler, Ingeborg Bachmann cedo encontrou os caminhos mais luminosos do Sul (vive em Itália entre 1953-57 e 1965-73) e da poesia, que preenche, com dois livros (\”Die gestuntete Zeit\”/ \”O Tempo Aprazado\” e \”Anrufung des groben Bären/Invocação da Ursa Maior\”), a primeira década da sua produção literária. Depois viria um tempo, a que os leitores portugueses já tiveram acesso, através da publicação do livro de contos \”Trinta Anos\” e do romance \”Malina\”. A sua poética, exposta em 1959/60 nas \”Lições de Frankfurt\”, revela uma busca obsessiva dos caminhos que permitem (ainda) à linguagem encontrar-se com o real, e à literatura – a de ontem, a de hoje e a de sempre – continuar a afirmar-se como campo aberto, a única utopia que permanentemente se concretiza.

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Foto: Ana Luísa Amaral por Pedro Granadeiro

\”O Olhar Diagonal das Coisas\”, de Ana Luísa Amaral (ed. Assírio & Alvim, marco/2022)

Não é um novo livro de poesia, mas uma antologia que reúne toda a poesia de Ana Luísa Amaral, começando com o livro inaugural da poeta, \”Minha Senhora de Quê\” (1990), e terminando com o mais recente, \”Mundo\” (2021). São mais de 30 anos de poemas, acompanhados por um posfácio de Maria Irene Ramalho.

Sobre a autora:
Ana Luísa Amaral ensinou na Faculdade de Letras do Porto e tem um doutoramento sobre Emily Dickinson. É autora de mais de duas dezenas de livros de poesia e livros infantis, e traduziu diversos autores para a nossa língua, como John Updike ou Emily Dickinson. A sua obra encontra-se traduzida e publicada em vários países, tendo obtido diversos prémios, de que destacamos o Prémio Literário Correntes d\’Escritas, o Premio Letterario Poesia Giuseppe Acerbi ou o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores. Em outubro de 2020, foi galardoada com o prémio literário espanhol Leteo. Em novembro do mesmo ano foi-lhe atribuído o Prémio Literário Vergílio Ferreira pela totalidade da sua obra. Em maio de 2021, foi galardoada com o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, atribuído pelo Património Nacional Espanhol e pela Universidade de Salamanca, pelo seu contributo para o património cultural do espaço ibero-americano; no mesmo ano, recebeu o Prémio Literário Francisco de Sá de Miranda. \”Escuro (2014)\”, \”E Todavia\” (2018), \”What’s in a Name\” (2018) e \”Ágora\” (2020) são os seus títulos publicados pela Assírio & Alvim.

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Foto: Natasha Brown por Elise Brown

\”Encontro\”, de Natasha Brown (ed. Livros do Brasil, marco/2022)

A narradora deste romance é uma mulher negra britânica, com uma posição de destaque no mercado financeiro e um namorado de uma família conservadora. Seguiu todas as boas regras: ser civilizada num ambiente hostil, conseguir a melhor formação superior, lançar-se numa carreira rentável, comprar um bom apartamento, comprar arte, comprar uma espécie de felicidade – e principalmente, manter-se calada, discreta e prosseguir. Agora, enquanto se prepara para participar na festa de aniversário de casamento dos pais do namorado, debate-se com algo que poderá mudar a sua vida, definitivamente. É preciso tomar uma decisão. Esta é uma história sobre as histórias de que somos feitos: de raça e classe social, de segurança e liberdade, de vencedores e derrotados. E do que significa tomarmos controlo do nosso destino.

Sobre a autora:
Natasha Brown estudou Matemática na Universidade de Cambridge e trabalhou durante uma década no mercado financeiro. Recebeu em 2019 o London Writers Award, na categoria de ficção literária, na sequência do qual escreveu Encontro, o seu primeiro romance. Este foi considerado um dos livros de estreia do ano por publicações como The Guardian, Observer e Vogue, e tem direitos de publicação vendidos para 16 territórios.

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Foto: Elif Shafak por Stuart Simpson

\”The Island of Missing Trees\”, de Elif Shafak (ed. Editorial Presença, março/2022)

O mais recente romance da premiada autora turca Elif Shafak, \”The Island of Missing Trees\” (ainda sem título em português), é uma história de amor e luto, de deslocamento e pertença, que tem como pano de fundo a história de divisão no Chipre, onde uma fronteira divide o lado turco do grego.

Sobre a autora:
Elif Shafak nasceu em Estrasburgo, França, em 1971. É uma romancista turco-britânica, detentora de diversos prémios literários. É a autora mais lida na Turquia. Escreve em inglês e em turco, tendo já publicado dezassete livros, onze dos quais romances. A sua obra já foi traduzida em cinquenta línguas. Elif Shafak é doutorada em Ciências Políticas e lecionou em diversas universidades na Turquia, nos Estados Unidos e no Reino Unido, incluindo no St. Annes College, Universidade de Oxford, onde é fellow honorário. É membro do Conselho Global do Fórum Económico Mundial na Área de Economia Criativa e membro fundador do Conselho Europeu de Relações Externas (ECFR). Defensora dos direitos das mulheres, dos direitos dos LGBT e da liberdade de expressão, Elif Shafak é uma oradora pública inspiradora: participou duas vezes na plataforma global TED, tendo de ambas as vezes recebido uma ovação de pé. A autora escreve regularmente para muitas das maiores publicações mundiais e foi-lhe atribuído o título de Chevalier des Artes et des Lettres. Em 2017, foi escolhida pela Politico, uma organização de jornalismo político, como uma das doze pessoas que tornam o mundo melhor. Foi juiz de numerosos prémios literários e presidente do Wellcome Book Prize em 2019.

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Foto: Leïla Slimani por Filipe Amorim

\”O perfume das flores à noite\”, de Leïla Slimani (ed. Alfaguara Portugal, abril/2022)

Conhecida por romances como \”No jardim do ogre\” (2014), \”Canção Doce\” (2016), que lhe valeu o Prémio Goncourt, ou ainda \”No país dos outros\” (2020), a franco-marroquina Leïla Slimani apresenta neste ensaio uma reflexão sobre a escrita, o lugar da mulher na criação e a abnegação e entrega que a criação artística exige.

Sobre a autora:
Nasceu em 1981, em Rabat, Marrocos, numa família de expressão francófona. Aos 17 anos, Leïla partiu para Paris, onde estudou Ciências Políticas. Antes de se dedicar à escrita, trabalhou como jornalista. Publicou o primeiro romance, “No Jardim do Ogre”, em 2014 e obteve imediato reconhecimento da crítica e dos leitores. “Canção Doce” reconfirmou o seu papel nas letras francesas e valeu-lhe a atribuição do prestigiado Prémio Goncourt em 2016, sendo que esse livro foi adaptado para o cinema, sob o nome de “A Ama Perfeita” (título em Portugal) em 2019. Adicionalmente, é uma defensora ativa dos Direitos Humanos.

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Foto: Cláudia Andrade por André Dias Nobre

Novo livro de contos /ainda sem título), de Cláudia Andrade (ed. Elsinore, maio/2022)

O novo livro de contos de Cláudia Andrade, que se deu conhecer a um público mais vasto com a ficção curta de \”Quartos de Final e Outras Histórias\” (2019) e o romance \”Caronte à Espera\” (2020), tem publicação agendada para o mês de maio. Sucede ao romance \”Um Pouco de Cinza e de Glória\”, lançado em 2021, sobre os habitantes de uma aldeia assombrada pelo fantasma da guerra. A sinopse do volume livro de contos ainda não foi revelada, mas uma coisa é certa: este não será um livro solar.

Sobre a autora:
Cláudia Andrade nasceu em Lisboa. Uma das vozes emergentes no panorama literário português, é autora de vários livros de contos, entre os quais \”Elogio da Infertilidade\”, vencedor do Prémio Ferreira de Castro de 2017, \”Canção de Ninar\” (Escritório Editora, 2015), vencedor do concurso literário incluído no Motel X, em 2015, \”Quartos de Final e Outras Histórias\”, vencedor do Prémio SPA Autores – Melhor Livro de Ficção Narrativa de 2020, e de dois romances, \”Caronte à Espera\” e \”Um Pouco de Cinza e de Glória\”, todos publicados pela Elsinore.

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Foto: Silvina Ocampo; Fonte: Wikimedia Commons

\”As Convidadas\”, de Silvina Ocampo (ed. Antígona, maio/2022)

Em 2022, a Antígona vai prosseguir com a publicação das obras da argentina Silvina Ocampo, pouco conhecida em Portugal, com \”As Convidadas\”, que reúne contos inquietantes, sobre temas como a infância, o amor e a loucura. A tradução é de Guilherme Pires.

Sobre a autora:
Companheira de Adolfo Bioy Casares, íntima de Alejandra Pizarnik, cúmplice intelectual de Jorge Luis Borges, admirada por autores como Italo Calvino e Roberto Bolaño – nenhuma destas relações serve para compreender inteiramente o mistério de Silvina Ocampo (1903-1993), um dos tesouros mais bem guardados da literatura latino-americana do século XX. Rebelde das letras argentinas, Silvina Ocampo estudou belas-artes com Giorgio de Chirico e Fernand Léger, em Paris, mas é no regresso à Buenos Aires natal que encontra a sua voz – nos contos inaugurais de “Viaje olvidado” (1937), a que se seguiriam “A Fúria e Outros Contos” (1959) ou “Las Invitadas” (1961), no romance “La Promesa”, publicado postumamente em 2010, e na “Antologia da Literatura Fantástica” (1940), que organizou com Borges e Casares. Poeta singular, mestre na arte de contar histórias, Silvina Ocampo «vê-nos como se fôssemos feitos de vidro, vê-nos e perdoa-nos» (Borges), narrando o teatro da humanidade com distanciamento e elegância – com notas de insólito, fantasia e terror.

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Foto: Bernardine Evaristo por Karen Robinson

\”Mr. Loverman\”, de Bernardine Evaristo (ed. Elsinore, junho/2022)

A Elsinore vai prosseguir com a publicação das obras da britânica Bernardine Evaristo, autora de \”Rapariga, mulher, outra\” e a primeira mulher negra a vencer o Booker Prize, que partilhou em 2019 com Margaret Atwood, com a edição de \”Mr. Loverman\”, romance de 2014 sobre a diversidade étnica e cultural da sociedade europeia. No ano passado, a editora lançou da mesma autora \”Raízes Brancas\”.

Sobre a autora:
Autora britânica de oito obras de ficção, Bernardine nasceu em Londres em 1959. O seu romance, “Girl, Woman, Other” ganhou o Booker Prize em 2019. Foi, igualmente, um dos 19 livros favoritos de Barack Obama. Em Junho de 2020, tornou-se a primeira mulher de cor a ocupar o primeiro lugar nas bancas de ficção científica do Reino Unido. A produção literária de Evaristo inclui, ainda, ficção curta, drama, poesia, ensaios, críticas literárias e projetos para teatro e rádio. Dois dos seus livros, “The Emperor’s Babe” (2001) e “Hello Mum” (2010), foram adaptados para os dramas da Rádio 4 da BBC. Atualmente, é professora catedrática de escrita criativa na Brunel University London e vice-presidente da Royal Society of Literature.

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Boas leituras!

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