20 anos depois do Nobel de Literatura: Saramago, os leitores britânicos e o interesse em literatura portuguesa

Completam-se neste ano de 2018, 20 anos desde que Saramago recebeu, em Estocolmo, o prestigiado Nobel de Literatura, tornando-se, assim, o primeiro e o único autor de língua portuguesa, até à data, a conseguir este enormíssimo feito. E como é natural, o interesse em volta das suas obras cresceu, de forma avassaladora. Sendo o povo britânico, um povo conhecido pela sua enorme ligação à literatura, não é de estranhar que se interessem, também, pela vasta produção literária de um dos maiores escritores do século XX.

Segundo, Margaret Jull Costa, a mais célebre tradutora das grandes obras da nossa literatura para a língua inglesa, “Saramago conseguiu derrubar essa barreira, em grande parte graças a Giovanni Pontiero, o primeiro tradutor inglês de Saramago”. Esta sua ideia foi defendida, em Londres, a propósito do parco número de traduções de autores portugueses em terras de Isabel II.

Descendente de pais italianos e tendo nascido em Glasgow, na Escócia, foi do outro lado do Atlântico, mais precisamente, no Brasil, que Pontiero aprendeu a língua de Camões e traduziu sete obras do autor do romance “Ensaio sobre a Cegueira”, editado em Portugal, três anos antes, da cerimónia de Estocolmo. A título de curiosidade, a sua estreia a traduzir Saramago ocorreu em 1987.

No entanto, a grande paixão da tradutora é Eça de Queirós, de quem já traduziu uma dezena de livros, incluindo, sem qualquer surpresa, aquela que muitos consideram ser a obra prima do maior representante do Realismo em Portugal, “Os Maias – Episódios de uma Vida Romântica”. Ainda assim, Margaret confessa que, no Reino Unido, a promoção de autores estrangeiros do século XIX, normalmente, é bastante trabalhosa, Claro que a tarefa é facilitada, quando esses autores escreveram “algum tipo de ficção policial”.

Saliento que Marcelo Rebelo de Sousa, actual Presidente da República Portuguesa, agraciou a tradutora, há pouco mais de um mês, com as insígnias da Ordem do infante D. Henrique, na Residência do Embaixador de Portugal no Reino Unido, Manuel Lobo Antunes. Na altura, em declarações à Agência Lusa, Margaret Jull Costa disse: “É, obviamente, uma grande honra e fiquei muito feliz quando soube”.

Relativamente às suas traduções de Saramago, estão presentes no mercado literário inglês, edições inglesas de: “Todos os Nomes”, “Levantado do Chão”, “Caim”, “As Intermitências da Morte”, “O Homem Duplicado”, “Ensaio sobre a Cegueira” ou “A Viagem do Elefante”, entre outros.

Boas leituras!

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