Onde é que já ouvi a expressão “factos alternativos”? De onde vem o conceito da desvalorização de tudo aquilo que possa fragilizar a imagem humana? Não é um discurso original de Donald Trump, nem da sua Administração, certamente. A adaptação teatral da obra “1984”, de George Orwell, chega à Broadway já em junho.
Haverá melhor altura para trazer “1984” para a Broadway que esta? Definitivamente, não. Esta obra-prima do género distópico, escrita por Eric Arthur Blair, mais conhecido por George Orwell, vai chegar a Nova Iorque, numa produção de Sonia Friedman (que trabalhou no “Harry Potter e a criança amaldiçoada”) e Scott Rudin (um dos produtores de “Haverá sangue” e “Este país não é para velhos”).
O atual presidente dos EUA, não foi o primeiro e nem é o único a abordar este assunto. Em 2013, através das revelações de Edward Snowden, foram descobertos programas ilegais de vigilância maciça usados pelas agências de serviços secretos norte-americanas.
As vendas da obra voltaram a subir de forma impressionante recentemente, depois de Kellyanne Conway, conselheira de Trump e a impulsionadora da expressão “factos alternativos”, invocar a existência de um atentado terrorista que nunca aconteceu, com vista a justificar o decreto presidencial que proíbe a entrada nos EUA de cidadãos de sete países de maioria muçulmana.
Parece-vos familiar?
O elenco escolhido para a peça teatral ainda não foi divulgado oficialmente, mas tudo aponta para que o seja em breve. Relembrando a premissa de Orwell, a sociedade retratada neste clássico da literatura do século XX, vive rodeada por tecnologia de vigilância, onde cada movimento é monitorizado 24h por dia. Factos históricos são dados como falsos e, reescritos para que unicamente a filosofia do Grande Irmão seja considerada verdadeira.
Estará a realidade magistralmente criada pelo autor tão distante de acontecer?
Foto: Peça de teatro “1984” na Broadway por Sara Krulwich
Sobre o autor:
Nascido na cidade de Motihari, na então Índia britânica, a 25 de junho de 1903, Eric Arthur Blair, mais conhecido pelo pseudónimo George Orwell, mudou-se para Inglaterra com a família, ainda durante a infância. Escritor e jornalista, é uma das mais influentes figuras da literatura do século XX. Defensor incondicional da liberdade humana e acérrimo opositor do totalitarismo, inscreve-se no panorama literário com as obras “Dias birmaneses” (1934) e “Homenagem à Catalunha” (1938). Mas será, sem dúvida, com “A quinta dos animais” (1945) e “1984” (1949), duas narrativas com uma atualidade assombrosa, que o autor alcança o reconhecimento internacional. Faleceu de tuberculose, em Londres, a 21 de janeiro de 1950.
Sugestão de leitura:
Leitores residentes em Portugal:
“1984”, de George Orwell (Antígona, Wook):
https://www.wook.pt/livro/1984-george-orwell/192908
Leitores residentes no Brasil:
“1984”, de George Orwell (Companhia das Letras, Amazon Brasil):
https://www.amazon.com.br/1984-George-Orwell/dp/8535914846
Boas leituras!